Questionário

EDIÇÃO 266 – GABARITO – MARCADORES TUMORAIS BIOQUÍMICOS CIRCULANTES

Texto Complementar

Marcador tumoral circulante é qualquer substância presente no sangue ou em outros fluidos biológicos, produzida primariamente pelo tumor ou, secundariamente, por algum órgão ou tecido, em resposta à sua presença.

Os marcadores tumorais podem ser importantes ferramentas em oncologia, não tanto pelo poder diagnóstico primário da doença, mas pela sua capacidade de auxiliarem na detecção precoce de recidiva e como indicadores da efetividade do tratamento.

A maioria dos marcadores disponíveis atualmente não possui sensibilidade e especificidade necessárias para uso no diagnóstico do processo primário, mas alguns podem ser utilizados no acompanhamento do paciente previamente diagnosticado para caracterizar a eficiência do tratamento e identificar, precocemente, a recorrência da doença.

Alguns dos marcadores podem ser detectados em diferentes tumores do mesmo tecido, sendo classificados como antígenos tumor associados. Os que estão presentes apenas em células neoplásicas são denominados antígenos tumor-específicos.

Meia vida é o tempo necessário para que a concentração se reduza à metade, a partir do momento em que a produção seja completamente interrompida. Por exemplo, para alfa-fetoproteína, a meia vida é de cinco dias; para o antígeno prostático específico total é de três dias e para a gonadotrofina coriônica, de 12 a 20 horas. Se, em um caso particular, a meia vida observada for significativamente maior do que a esperada, pode-se assumir que o tratamento não foi efetivo o suficiente para remover totalmente a massa tumoral.

Algumas enzimas e isoenzimas têm sido utilizadas como marcadores tumorais, uma vez que elevações significativas da atividade total ou variações no padrão de distribuição das isoformas podem indicar a presença de processo neoplásico. Em geral, esse tipo de marcador possui a baixa especificidade, que encontra no antígeno prostático específico uma exceção importante.

Hormônios também podem ser utilizados para a detecção e monitoração de determinados tumores, sendo que seu envolvimento como marcador tumoral pode ocorrer de duas maneiras distintas: por produção aumentada pelo tecido endócrino normalmente produtor ou pela produção ectópica, por tecido normalmente não produtor de hormônios. Estas duas formas podem ser exemplificadas pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) presente tanto no de tumor primário da hipófise quanto no tumor de células pequenas do pulmão.

Alguns marcadores tumorais são substâncias normalmente presentes em concentrações elevadas apenas em tecidos embrionários e em concentração baixa no indivíduo adulto. São os antígenos oncofetais e se constituem em proteínas presentes em altas concentrações no soro de fetos, declinando rapidamente após o nascimento. Nos pacientes com alguns tipos de câncer, estas proteínas reaparecem na circulação, demonstrando que certos genes foram reativados como decorrência da transformação neoplásica. Os marcadores oncofetais mais utilizados são o antígeno carcinoembriônico (CEA) e a alfa-fetoproteína (AFP).

Determinados antígenos presentes em maior quantidade na superfície de células neoplásicas, como CA 125, CA 15-3 e CA 19.9 podem ser utilizados como marcadores tumorais, apresentando sensibilidade e especificidade, em geral, mais elevadas do que os antígenos oncofetais.

Em tese, os marcadores tumorais podem ser utilizados para o diagnóstico, o estabelecimento do prognóstico, monitoração da eficiência da terapêutica e detecção precoce da recorrência.

Características do marcador da população na qual será aplicado condicionam ou não o uso do marcador para um determinado fim. Por exemplo, a dosagem de alfa-fetoproteína como triagem populacional de hepatocarcinoma é desaconselhada para a população geral, mas é adequada em áreas de alta incidência do tumor, como algumas regiões da África, China e Japão e em grupos de pacientes portadores de doenças hepáticas predisponentes dessa neoplasia, como hepatites virais crônicas e hemocromatose.

É importante ressaltar que resultados obtidos por diferentes conjuntos diagnósticos, mesmo baseados em mesmo princípio metodológico, em geral, não se correlacionam bem entre si, fazendo com que uma atenção especial deve ser tomada ao se interpretar resultados seriados obtidos por diferentes ensaios. Uma das causas prováveis para resultados discordantes inclui a diversidade de anticorpos utilizados nos diferentes testes.

Alguns marcadores de uso comum em nosso meio

Alfa-fetoproteína (AFP): a alfa-fetoproteína é uma proteína oncofetal, produzida em grandes quantidades durante a fase embrionária e cuja síntese se reduz rapidamente após o nascimento, atingindo os níveis do adulto após 18 meses de idade. Esta proteína tem sido utilizada como marcador tumoral, em especial para tumores hepáticos, estando elevada em cerca de 80% dos tumores sintomáticos, mas se eleva, também, nos tumores de células germinativas, não seminoma e coriocarcinoma, por exemplo. É importante ferramenta de triagem em indivíduos com risco elevado de hepatocarcinoma, ou seja, em portadores crônicos dos vírus das hepatites B ou C e de pacientes com hemocromatose.

A meia-vida da AFP é de cinco dias e sua utilidade maior é no acompanhamento de pacientes submetidos a procedimentos terapêuticos como ressecção, quimioterapia intra-arterial ou alcoolização, no sentido de detectar massa tumoral residual ou recidiva. O limite de referência é até 20 ng/mL para o sexo feminino e até 15 ng/mL para o sexo masculino. Durante a gravidez ocorre elevação, atingindo pico de, aproximadamente, 500 ng/mL no terceiro trimestre. Hepatite crônica e cirrose hepática também são causas relativamente comuns de elevação de alfa-fetoproteína, mas, em geral, os níveis permanecem abaixo de 200ng/ml.

Antígeno carcinoembriônico (CEA): O antígeno carcinoembriônico é uma glicoproteína com peso molecular de 150 a 30 kDa, contendo ia 45% a 55% de carboidratos. Esse marcador pode estar elevado em diversas neoplasias, sobretudo nas do trato gastrointestinal, mas também em câncer de pulmão, ovário, mama e útero. Níveis elevados de CEA também podem ser observados em doenças não neoplásicas, como cirrose hepática (45%), enfisema pulmonar (30%), doença inflamatória intestinal (15%) e outras condições benignas da mama (15%) e polipose retal (5%). O CEA tem sido utilizado como marcador de prognóstico durante o monitoramento de pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de tumores primários de carcinoma colorretal.

Estudos indicam que o aumento de CEA é um dos primeiros indicadores de recorrência e é indicador de metástase hepática, o que pode auxiliar na decisão cirúrgica. Na população normal, o limite de referência é até 3 ng/L para não-fumantes e até 5 ng/L para fumantes.
A determinação seriada do CEA é bastante útil na detecção precoce de recidiva, após os procedimentos terapêuticos.

CA 15-3: o CA 15-3 é proteína de alto peso molecular, expressa por uma variedade de adenocarcinomas, especialmente os associados à mama. É quantificado com ensaios que empregam dois anticorpos monoclonais produzidos contra um extrato de tecido de câncer de mama humano. Como os demais marcadores, não deve ser utilizado para diagnóstico, mas apenas para monitoração da eficiência da terapia, detecção de recidivas e avaliação da progressão da doença. Uma mudança significativa, definida como aumento superior a 25%, se correlaciona com progressão da doença em 80% a 90% dos casos. Sua redução, também nestes níveis, está associada à regressão em 70% a 80% das vezes. Considerando-se o limite de referência até 28 U/mL, este marcador pode ser encontrado em níveis elevados apenas em cerca de 20% das pacientes com câncer mamário no estágio I.

CA 27.29: é um marcador detectado pelo anticorpo monoclonal B27.29, que reconhece a mucina I, utilizado como indicador de recorrência de câncer de mama em pacientes com estadiamento II e III da doença, possibilitando uma detecção mais precoce da metástase. Alguns estudos mostram que o CA 27.29 é mais sensível e mais específico que o CA15-3 na detecção da recorrência. O valor de referência habitualmente utilizado é de 38 U/mL.

CA 125: Este antígeno é produzido por tecidos derivados do epitélio celômico e está associado às neoplasias epiteliais, especialmente câncer do ovário. A maior indicação clínica da dosagem está em avaliar a resposta ao tratamento. A determinação pré-operatória pode ser útil no sentido de predizer se massas pélvicas são benignas ou malignas. Não deve ser utilizado como triagem para detecção, pois apenas 50% das pacientes com neoplasia no estadio I têm níveis elevados. A frequência de elevação depende do tipo do tumor, sendo de, aproximadamente, 92% em tumores serosos e 64% nos mucinosos. Cerca de 89% dos tumores endometriais apresentam elevações significativas. Esse é o marcador bioquímico mais disponível para a monitoração tanto da evolução quanto da resposta terapêutica do câncer de ovário, sendo observada elevação significativa 2 a 12 meses (em média 3,6), antes de qualquer evidência clínica de recorrência.

Uma aplicação prática importante da dosagem do CA 125 é quando da realização da segunda intervenção cirúrgica. Resultados falso-negativos ocorrem em cerca de 40% dos casos, ou seja, a concentração do marcador está dentro do intervalo de referência, mas o tumor é demonstrado histologicamente. Por outro lado, resultados falso-positivos praticamente não são observados nessas circunstâncias.

A sensibilidade do CA 125, em relação ao câncer de ovário depende do tipo de tumor, do estágio e do valor de corte considerado. Para o valor de corte de 35 U/mL, adotado pela maioria dos laboratórios, a sensibilidade é superior a 90%.

O CA 125 também se encontra elevado em pacientes portadoras de endometriose e tem sido utilizado como um auxiliar na avaliação da resposta ao tratamento. Resultados falso-positivos podem ser observados, também, em portadores de processos inflamatórios do cólon, hepatite e pancreatite crônicas, doenças autoimunes e neoplasias pulmonares e de mama.

CA 19.9: CA 19.9 é um antígeno relacionado a tumores malignos do trato gastrointestinal, sobretudo os de pâncreas e vias biliares. Sensibilidade e especificidade diagnósticas variam de acordo com a localização do tumor, alcançando níveis de 87% e 94%, respectivamente, em câncer do pâncreas. No câncer colorretal, em geral, a determinação é realizada em associação com a do antígeno carcinoembriônico, aumentando a sensibilidade da pesquisa de recidivas após o tratamento. Cerca de 10% das neoplasias originadas em locais diferentes do trato gastrointestinal podem cursar com níveis elevados de CA 19.9. Eventualmente, níveis pouco aumentados deste marcador podem estar associados a doenças benignas do trato digestivo, tais como pancreatite e colecistite.

Antígeno Prostático Específico (PSA): inicialmente, considerava-se que o PSA fosse específico de tecido prostático, mas a partir do emprego de metodologias mais sensíveis e da realização de estudos imunoistoquímicos, ficou evidente a presença desta proteína em células de glândulas anais e em outros tecidos, tais como glândulas periuretrais, mamárias, salivares, pancreáticas e nos demais líquidos corporais além do soro, como leite, líquido amniótico e urina.

Utilizando os ensaios atuais, com limite de detecção de 0,001 ng/mL, é possível a dosagem em cerca de 50% das mulheres normais, mas não há, até o momento, evidências suficientes que justifiquem esta dosagem. Adicionalmente, não estão descritos processos patológicos envolvendo indivíduos do sexo feminino que possam ser diagnosticados ou monitorados pelos níveis séricos de PSA.

Em pacientes portadores de hipertrofia benigna, a prática de hipismo e o uso de bicicleta, mesmo ergométrica, têm sido responsabilizados por elevações significativas de PSA, devendo ser respeitado um intervalo de, pelo menos, duas semanas entre estas atividades e a coleta de sangue para o exame.

No indivíduo normal, de 85% a 90% do PSA total dosável estão complexados com proteínas inibidoras de proteases, principalmente alfa-1-antiquimiotripsina e, em menor quantidade, com alfa-1-antitripsina. Os 10% a 15% restantes permanecem livres, em circulação. A forma ligada à alfa-2-macroglobulina não é detectável pelos métodos utilizados nos laboratórios clínicos, de tal forma que PSA total, na prática, se refere à soma do PSA livre e o PSA complexado à alfa-1-antiquimiotripsina.

Não há um valor de referência aplicável a todos os indivíduos. O resultado deve ser sempre interpretado levando em conta vários fatores, como idade do paciente, história clínica, volume prostático e uso de medicação. Como regra geral, é considerado adequado um valor abaixo de 2,5 ng/mL.

A probabilidade da presença de câncer varia com o grau de elevação. Para níveis entre 4,0 e 10,0 ng/mL, o valor preditivo positivo é de 25% a 35%, o que significa em 65% a 75% dos casos trata-se de resultado falso positivo para este diagnóstico. Quando o PSA total estiver acima de 10,0 ng/mL, a probabilidade de câncer estará entre 42% e 64%.

Cerca de 65% a 75% dos homens com elevação moderada de PSA total não desenvolverão a doença e cerca de 15% dos pacientes com câncer de próstata manterão níveis normais independente da evolução fatal da doença. Com o objetivo de melhorar a acurácia diagnóstica, outros parâmetros foram desenvolvidos, como os cálculos da densidade do PSA, da velocidade do PSA, da relação entre o PSA livre e o total e a adoção de valores de referência específicos para diferentes faixas etárias.

O valor absoluto do PSA livre é pouco informativo, sendo que a relação PSA livre / PSA total confere maior acurácia diagnóstica do que o PSA total isoladamente, em especial quando este estiver entre 4,0 e 10 ng/mL. Em geral, é utilizado o limite de 15% como corte, mas este nível é controverso, dadas as implicações sobre a sensibilidade e especificidade.

A dosagem específica da fração do PSA ligado à alfa-1-antiquimiotripsina, identificado como PSA complexado foi sugerida como melhor parâmetro diferencial entre neoplasia e hiperplasia benigna da próstata, mas as evidências têm demonstrado que sua eficiência diagnóstica é semelhante à obtida pela relação do PSA livre sobre o PSA total. As possíveis vantagens seriam a maior estabilidade “in vivo” desta fração do PSA e a menor interferência da manipulação prostática sobre seus níveis circulantes. É importante ressaltar que não existe correspondência entre o PSA complexado dosado e o calculado pela diferença entre o PSA total e a fração livre.

Esta inconsistência pode ser devida às limitações metodológicas.

Gonadotrofina coriônica, fração beta (βHCG): a gonadotrofina coriônica é uma glicoproteína com peso molecular de 45 kDa, sintetizada pelas células do sinciciotrofoblasto da placenta normal. A molécula deste hormônio é constituída por duas subunidades, alfa e beta. A subunidade alfa é comum a vários outros hormônios, como o luteinizante (LH), o folículo estimulante (FSH) e o tireoestimulante (TSH). A subunidade beta, por sua vez, é específica da gonadotrofina coriônica. O limite de referência para homens e mulheres não gestantes é até 5 U/L, de soro.

Além da gravidez normal, concentração elevada é encontrada em doenças do tecido trofoblástico e em tumores de células germinativas, principalmente no carcinoma testicular não seminomatoso. Outras neoplasias como de mama, trato gastrointestinal, pulmão e ovário podem se acompanhar de elevações menos significativas de gonadotrofina coriônica.

CYFRA 21-1: as citoqueratinas são proteínas estruturais que compõem as subunidades dos filamentos epiteliais intermediários. Estão descritos, até o momento, vinte diferentes polipeptídios de citoqueratina sendo que o CYFRA 21-1 corresponde ao fragmento de número 19 e possui peso molecular aproximado de 30 kDa.

A principal indicação da sua dosagem é a monitoração da resposta terapêutica do paciente com câncer de pulmão, mais especificamente, os de não pequenas células. A redução rápida da concentração após a cirurgia é forte indicativo de remoção total do tumor. A progressão ou recidiva da doença é demonstrada precocemente pela elevação da concentração do marcador, que antecede as manifestações clínicas e os achados dos exames de imagem.

O intervalo de referência é até 3,3 ng/mL de soro e valores discretamente elevados, em geral, abaixo de 10 ng/mL, podem ser encontrados em pacientes com hepatopatias e insuficiência renal crônica. Algumas doenças não neoplásicas do pulmão, como pneumonia, tuberculose e doenças intersticiais pulmonares podem fornecer resultados elevados.

Enolase neurônio-específica – NSE: sob a denominação de enolase, reúnem-se diferentes isoformas de uma enzima com peso molecular aproximado de 80 kDa, presente em vários tecidos, tais como musculaturas cardíaca e esquelética e tecido nervoso. As isoformas αγ e γγ são denominadas enolase neurônio específicas por se encontrarem em elevada concentração em neurônios e em células de origem neuroendócrina.

A dosagem desta enzima no soro é utilizada como marcador para tumores brônquicos de células pequenas. A sensibilidade diagnóstica é da ordem de 93% e o valor preditivo positivo é de 92%. Este marcador pode ser utilizado como indicador de prognóstico da doença durante o tratamento, sendo que de 80 a 96% dos pacientes em remissão mantém a concentração da enolase neurônio específica dentro dos intervalos de referência.

Este marcador pode ser útil, também, para o acompanhamento de pacientes com neuroblastoma, sendo que 62% destes pacientes apresentam valores acima de 30 ng/mL. Em casos de tumores cerebrais, primários ou metastáticos, como melanoma e feocromocitoma, é indicada a dosagem deste marcado no líquor. Os intervalos de referência são até 15,2 ng/mL no soro e até 12,0 ng/mL no líquor.

Calcitonina: a calcitonina é produzida nas células do tipo C da tireoide, sendo secretada em reposta ao aumento do nível sérico de cálcio. É útil como marcador do carcinoma medular familial de tireoide, cuja herança é autossômica dominante. A elevação dos níveis de calcitonina está relacionada com o aumento do volume do tumor e com o desenvolvimento de metástases locais ou à distância. É importante no monitoramento do tratamento e detecção precoce de recorrências. Está elevada em hiperparatireoidismo, na anemia perniciosa e na gravidez.

Proteína de membrana nuclear (Nuclear Membrane Protein – NMP-22): diferentemente dos marcadores anteriormente descritos, a pesquisa ou dosagem dos marcadores relacionados ao câncer de bexiga não são realizadas no soro, mas na urina.

O NMP-22 quantifica o aparelho mitótico nuclear, cuja matriz é supre-expressada pelas células tumorais da bexiga e liberada na urina. Estudos clínicos têm evidenciado que, quando o teste é realizado 6 a 40 dias após a cirurgia, níveis elevados são capazes de predizer a recorrência em cerca de 70% dos pacientes enquanto níveis dentro do intervalo de referência são observados em 86% dos indivíduos que não apresentarão recorrência.

Tanto a sensibilidade quanto à especificidade dependem do estádio do tumor e alguns trabalhos têm sugerido que este marcador possui melhor eficiência diagnóstica do que a citologia urinária, ainda que seja documentada uma taxa de 35% de resultados falso-positivos, o que se constitui uma limitação para seu uso rotineiro.

Antígeno tumoral associado ao tumor de bexiga (Tumor Associated Antigen – BTA STAT): o antígeno associado aos tumores de bexiga denominado BTA STAT corresponde ao fator H do complemento ou às proteínas a ele relacionadas. O fator H desempenha papel importante na ativação do complemento pela via alternativa, protegendo o organismo de danos celulares.

Níveis elevados têm sido observados em tumores de bexiga.

O teste é baseado em ensaio cromatográfico e fornece resultado semi-quantitativo do fator H e das proteínas relacionadas, possuindo sensibilidade geral da ordem de 60% a 90%, para tumores superficiais e invasivos, respectivamente. A especificidade é de 72% e resultados falso-positivos podem ser obtidos em pacientes com glomerulonefrite, litíase e infecção urinária.

Antígeno tumoral associado ao tumor de bexiga (Tumor Associated Antigen – BTA TRAK): esse exame detecta os mesmos antígenos identificados pelo BTA STAT, mas por ensaio imunoenzimático, o que permite sua quantificação. Ainda que a sensibilidade seja dependente do estádio do tumor, os dados disponíveis a colocam entre 70% e 90% e a especificidade entre 50% e 60%.

Também neste teste são encontradas elevadas taxas de resultados falso-positivos em pacientes com doenças gênito-urinárias não neoplásicas. O valor de corte é de 14,0 U/mL.

A seguir são comentadas as questões para as quais foram recebidas mais dúvidas quando disponibilizadas para os usuários Controllab

Pergunta 1: A resposta é a opção 4. Marcador tumoral circulante é qualquer substância presente no sangue ou em outros fluidos biológicos, produzida primariamente pelo tumor ou, secundariamente, por algum órgão ou tecido, em resposta à sua presença.

Pergunta 2: A resposta é a opção 3. Ainda que, teoricamente, os marcadores tumorais possam ter alguma aplicação na triagem populacional, no diagnóstico primário, no estadiamento, a monitorização do efeito da terapia e detecção precoce de recorrência são as duas melhore indicações.

Pergunta 3: A resposta é a opção 1. O CEA tem sido utilizado como marcador de prognóstico durante o monitoramento de pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de tumores primários de carcinoma colorretal. Estudos indicam que o aumento de CEA é um dos primeiros indicadores de recorrência e é indicador de metástase hepática, o que pode auxiliar na decisão cirúrgica, alertando o cirurgião sobre a possibilidade de existência de um processo neoplásico colorretal.

Pergunta 4: A resposta é a opção 4. Porque pacientes com hepatites virais, B ou C, crônica, assim como pacientes com hemocromatose têm risco aumentado de desenvolver hepatocarcinoma, justificando o uso de alfa-fetoproteína como ferramenta de triagem.

Pergunta 5: A resposta é a opção 1. Durante a gravidez ocorre elevação, atingindo pico de, aproximadamente, 500 ng/mL no terceiro trimestre. Na hepatite crônica e na cirrose hepática são observadas elevações significativas de alfa-fetoproteína, mas, em geral, os níveis permanecem abaixo de 200ng/ml.

Pergunta 6: A resposta é a opção 4. Alertar o cirurgião sobre o risco de existência de processo neoplásico, uma vez que resultados falso-positivos praticamente não são observados nessas circunstâncias, ainda que resultados falso-negativos possam ser encontrados em cerca de 40% dos casos.

Pergunta 7: A resposta é a opção 3. Nesses casos, está indicada a dosagem do CA 27-29, que, segundo alguns estudos, possui maior sensibilidade e maior especificidade que o CA15-3.

Pergunta 8: A resposta é a opção 4. Não há um valor de referência de PSA total que seja aplicável a todos os indivíduos. O resultado deve ser sempre interpretado levando em conta outros fatores, como idade do paciente, história clínica, volume prostático e uso de medicação. Como regra geral, é considerado adequado um valor abaixo de 2,5 ng/mL. Lembrar que a probabilidade da presença de câncer varia com o grau de elevação, sendo que para níveis entre 4,0 e 10,0 ng/mL, o valor preditivo positivo é de 25% a 35%, quando o PSA total estiver acima de 10,0 ng/mL, a probabilidade de câncer estará entre 42% e 64% e, quando estiver acima de 20, a probabilidade da existência e um processo neoplásico são de 95%.

Pergunta 9: A resposta é a opção 2. A estabilidade do PSA complexado após a coleta de sangue é maior do que a do PSA livre, garantindo maior acurácia na sua dosagem. É importante lembrar que, se ocorrer perda de PSA livre na fase pré-analítica, a relação percentual PSA livre/PSA total fornecerá resultado equivocadamente baixo, sugerindo a existência de processo neoplásico.

Pergunta 10: A resposta é a opção 4. Tireoide. A calcitonina é produzida nas células do tipo C da tireoide, sendo secretada em resposta ao aumento do nível sérico de cálcio. É útil como marcador do carcinoma medular familial dessa glândula.

Pergunta 11: A resposta é a opção 1. A principal indicação da sua dosagem é a monitoração da resposta terapêutica do paciente com câncer de pulmão, mais especificamente, os de não pequenas células. A redução rápida da concentração após a cirurgia é forte indicativo de remoção total do tumor. A progressão ou recidiva da doença é demonstrada precocemente pela elevação da concentração do marcador.

Pergunta 12: A resposta é a opção 4. O PSA total pode ser dosado no soro e em outros líquidos biológicos e BTA apenas na urina.

Pergunta 13: A resposta é a opção 3. É utilizado como auxiliar no diagnóstico e acompanhamento de tumores brônquicos.

Pergunta 14: A resposta é a opção 4. Como auxiliar no diagnóstico precoce de recidiva de câncer de bexiga.

Pergunta 15: A resposta é a opção 2. A elevada taxa de resultados falso-positivos, chegando a ser de 35%, se constitui em uma limitação importante para seu uso rotineiro. Dentre as causas de resultados falso-positivos incluem-se glomerulonefrite, litíase e infecção urinárias.

Gabarito

Pergunta 1 – Opção 4
Pergunta 2 – Opção 3
Pergunta 3 – Opção 1
Pergunta 4 – Opção 4
Pergunta 5 – Opção 1
Pergunta 6 – Opção 4
Pergunta 7 – Opção 3
Pergunta 8 – Opção 4
Pergunta 9 – Opção 3
Pergunta 10 – Opção 4
Pergunta 11 – Opção 1
Pergunta 12 – Opção 4
Pergunta 13 – Opção 3
Pergunta 14 – Opção 4
Pergunta 15 – Opção 2

Elaborador: Adagmar Andriolo. Médico Patologista Clínico, Professor Associado da Disciplina de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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