Questionário

EDIÇÃO 234 – GABARITO

URINÁLISE – ALERTAS DE QUALIDADE

Texto Complementar

O exame de urina de rotina é dos mais solicitados pelo corpo clínicas ao laboratório, devido à sua ampla aplicação e possibilidades tanto diagnósticas, como de monitoramento do paciente. Ele se constitui de aspectos físicos, químicos e microscópicos.

O exame de urina de rotina é dos mais solicitados pelo corpo clínicas ao laboratório, devido à sua ampla aplicação e possibilidades tanto diagnósticas, como de monitoramento do paciente.
Ele se constitui de aspectos físicos, químicos e microscópicos.
Como qualquer exame laboratorial apresenta três fases: a pré-analítica, a analítica e pós-analítica.

A fase pré-analítica envolve desde as indicações para a solicitação do exame pelo médico assistente até o envio para o processamento na área técnica. Passando pelas instruções para colher corretamente a urina, seu acondicionamento, seu transporte, a entrega do material biológico ao laboratório em até 2 horas, o armazenamento sob refrigeração, o cadastro do paciente no sistema de informática laboratorial e sua identificação.

A etapa analítica acontece desde o ato da inspeção do recebimento da urina pela equipe técnica até a análise de consistência dos dados para a liberação dos resultados. Envolvendo o preparo da amostra, centrifugação, análises físico-químicas e microscópicas do material biológico, realização dos controles internos e dos ensaios de proficiência, a rastreabilidade de todo o processo e a gestão de materiais.

A fase pós-analítica compreende a emissão, o armazenamento, a entrega dos laudos, a comunicação de valores críticos e a correlação clínico-laboratorial.

Em cada uma destas etapas, as boas práticas de laboratório clínico têm requisitos específicos para a garantia da qualidade.

Abaixo, ações e interpretações relativas a um processo de qualidade, com o propósito de resumir toda a bibliografia indicada e orientar os interessados no tema a participar deste questionário.
As instruções de coleta, por escrito, entreguem aos pacientes, seguidas de orientações verbais, feitas por equipe preparada do laboratório, assim como o fornecimento de material para coleta em frascos adequados de material inerte, estéril, com boca larga e tampa rosqueável. As condições de identificação da amostra com informações como o nome do paciente, o horário e o tipo de coleta (aleatória, 1ª da manhã, ou proveniente de punção suprapúbica, jato médio com assepsia) auxiliam na produção de resultados confiáveis.

O manuseio da amostra de urina para o seu exame de rotina requer cuidados de preservação como a refrigeração (entre 2-8ºC) das amostras, que não puderem ser processadas em até 2 horas após a micção, para garantir a sua integridade. As amostras de urina para este tipo de exame nunca devem ser congeladas, pois se inviabiliza o exame microscópico. Para a preparação das dosagens por química seca é importante que as amostras de urina estejam à temperatura ambiente e sejam homogeneizadas delicadamente por inversão previamente. A refrigeração pode precipitar os cristais de fosfato e uratos amorfos elevando a gravidade específica da urina. Nas situações em que o tempo de transporte exceder 2 horas recomenda-se o emprego de substâncias conservantes, como formalina e timol.

Os critérios de aceitação e rejeição para as amostras de urina devem ser definidos em cada serviço laboratorial por sua equipe.

Critérios de rejeição para urinas sem condições de realização dos exames podem ser exemplificados como se segue: amostras sem conservantes que ficam à temperatura ambiente por mais de 2 horas, com forte turvação, associada ao aumento do odor amoniacal, presença de excesso de depósitos de materiais, com a entrega em frascos não padronizados pelo laboratório e sem a identificação legível dos dados do paciente.

Assim como em outros exames laboratoriais a gestão de equipamentos bem planejada e acompanhada, com a execução dos planos de manutenções preventivas para o exame de urina também é importante.

Para qualquer equipamento empregado no exame de urina há necessidade de procedimento documentado. Nele descrevem-se as condições de uso e operação, medidas de segurança, orientações sobre calibrações, controle de qualidade, periodicidade de manutenção preventiva, descarte de materiais, detalhes da oficina que executa este serviço, além do responsável. Cada equipamento requer um prontuário registrando desde a sua instalação, como todas as ocorrências pelas quais ele passou.

Para estes equipamentos o plano de manutenções minimamente contém: verificação de condições elétricas, limpeza, verificação do sistema de pipetagem, checagem da impressora, verificação de partes ópticas, troca de lâmpada e recalibração periódica. Os registros comprobatórios são requeridos.

Para o uso de equipamentos similares na realização do mesmo exame é importante que seja verificada a equivalência entre sistemas analíticos, com amostras da rotina, pelo menos duas vezes ao ano.

As tiras reagentes são almofadas absorventes impregnadas com substâncias químicas aderidas a uma tira plástica. Por isto, requerem cuidados de manuseio e armazenamento para protegê-las contra a deterioração provocada por umidade, calor, luz, produtos químicos voláteis ou contato manual na área da reação. A indústria manufatureira recomenda, em geral, o seu armazenamento em local com condições de temperatura e umidade controladas, sob o abrigo da luz, daí os frascos serem escuros, opacos e conterem sílica. Eles exigem como controle de qualidade de amostras positivas e negativas passadas no mínimo uma vez ao dia, com registros consistentes, legíveis e acessíveis aos envolvidos.

Como outros reagentes a sua validade precisa ser controlada, bem como o número de lotes. A cada nova partilha do mesmo lote ou mudança de lote recomenda-se a comparação de resultados como uma boa prática.

Em determinadas populações como crianças, idosos e gestantes, a demora no diagnóstico das Infecções do Trato Urinário (ITU) pode trazer sérias complicações, tais como a pielonefrite e a septicemia. O método padrão ouro ainda é a associação da coloração de Gram com a urocultura porque identificam o agente etiológico. Em decorrência delas a susceptibilidade aos antibióticos pode ser realizada, assim como possibilitam a estimativa de sua concentração inibitória mínima.

No entanto, a cultura é um procedimento trabalhoso e demorado em sua execução, pode produzir resultado negativo quando houver quantidades inferiores a 10 x 105 unidades formadoras de colônias/mL.

A literatura aponta a presença de vários e eficazes testes triadores para este tipo de suspeita clínica, os quais otimizam os custos e aumentam a eficiência na entrega de resultados, contribuindo para uma tomada de decisões mais rápida pelo corpo clínico. Estes testes rápidos já assumiram o seu posto na hierarquia de diagnóstico para a ITU.

A microscopia utilizando-se ou não coloração das amostras de urina também está inclusa nesta triagem.

As tiras reagentes para a urinálise, de diferentes procedências, empregam métodos que detectam a presença de leucócitos através da ação da esterease leucocitária e/ou do nitrato redutase (que reduz nitrato a nitrito) e está presente em infecções por algumas bactérias Gram negativas.

Com a ampliação do uso de citômetros de fluxo utilizando-se corantes fluorescentes que se ligam ao DNA, como analisadores de sedimentos urinários, suas aplicações estão se expandindo.

Uma delas é a triagem para infecções do trato urinário através da detecção bacteriana e sua contagem.

O teste do nitrito nas tiras reagentes ou de Greiss é um método rápido para a triagem de infecções do trato urinário por bactérias produtoras de nitrato redutase, que convertem nitrato a nitrito. O teste consiste em: nitrito em pH ácido que reage com a sulfanilamida para formar um composto diazônio. Este reage com tetrahidrobenzoquinolina e a coloração rósea. A presença de grande quantidade de ácido ascórbico pode competir com o sal diazonio e não dar resposta ao teste.

Requer um intervalo miccional de 4 horas para que resultados positivos possam ser detectados. Staphilococcus saprofiticus não produzem esta enzima, mas Enterobactérias e alguns cocos gram positivos têm esta propriedade. Resultados falsos negativos podem ocorrer por intervalos miccionais muito curtos, ausência de nitrato na dieta, presença de bactérias que não sintetizam a enzima nitrato redutase, o uso de antibióticos, erros na execução do procedimento e ácido ascórbico em elevadas concentrações. Resultados falsos positivos podem ocorrer por amostras armazenadas inadequadamente ou por tempo prolongado onde ocorre o crescimento bacteriano.

Um teste nitrito positivo deve ser acompanhado de teste positivo para a esterase leucocitária.
A enzima leucócito esterase está presente na linhagem granulocítica dos leucócitos (eosinófilos, basófilos e neutrofilos) e nos monócitos. Trichomonas e Chlamydia trachomatis também têm esterase. Linfócitos e hemácias não têm esterase.

O teste da esterase leucocitária na tira reagente baseia-se na hidrólise do ácido indoxilcarbônico produzindo um composto aromático e ácido, que se combina com um sal diazônio gerando cor púrpura. Estas reações requerem mais tempo que as demais (2 minutos). A presença de agentes oxidantes fortes, formalina e nitrofurantoína produzem falsos positivos. Resultados falsamente negativos acontecem em altas concentrações de proteínas, glicose, ácido oxálico e ácido ascórbico, presença de alguns antibióticos como gentamicina, tetraciclina e cefalexina.

Na área de sangue o teste químico baseia-se na reação com peróxido de hidrogênio e um cromógeno (tetrametilbenzidina) produzindo uma oxidação deste e a cor esverdeada. Este teste é igualmente sensível à hemoglobina, mioglobina e hematúria.

Na diferenciação entre hemoglobina e mioglobina inicia-se pela história clínica, associada à elevação na medida da atividade enzimática de CK e LDH no soro. A observação do plasma do paciente auxilia, pois na presença de mioglobina acima de 25 mg/mL o plasma fica vermelho.
Um teste de precipitação utilizando-se a amostra de urina com sulfato de amônia, seguindo-se de filtração e aplicação do filtrado na tira reagente, pode apontar a presença de mioglobina quando o sobrenadante for vermelho e o resultado da tira for positivo para sangue. Caso haja hemoglobina o precipitado ficará vermelho e o sobrenadante dará resultado negativo na tira para a área de sangue.

Interferentes falso-positivos podem acontecer na presença de sangue menstrual, oxidantes fortes como hipoclorito de sódio, peroxidase bacteriana e ácido ascórbico. Reações falsamente negativas acontecem com urinas contaminadas com formol, captopril e nitrito.

A análise dos eritrócitos por microscopia de contraste de fase, determina o local da lesão tecidual produtora do sangramento urinário. O mecanismo fisiopatológico que explica este fenômeno envolve a deformação do arcabouço celular dos eritrócitos na passagem pela membrana glomerular lesada.

O uso da microscopia de fase é uma técnica não invasiva, de baixa complexidade e baixo custo, sendo considerada como uma boa ferramenta laboratorial na análise de lesão renal. As ressalvas ficam por conta de ser um exame dependente de observador e de sua sensibilidade em detectar a lesão glomerular (abaixo dos 80%).

A morfologia eritrocitária dismórfica pode apresentar esquizócitos, equinócitos, estomatócitos, codócitos ou acantócitos. A partir dos anos 90 numa classificação mais específica da análise do sedimento urinário passou a ser considerada como uma forma mais específica de lesão glomerular, confirmada por biópsia renal a presença de acantócitos. Considera-se como acantócitos aqueles eritrócitos com forma anelar e protrusões vesiculares vistos à microscopia de contraste de fase.

Para melhorar a precisão e exatidão deste exame sugiram os novos métodos quantitativos totalmente automatizados, que economizam o tempo de uso da mão de obra, são rápidos e confiáveis.

Elaborador:

Maria Elizabete Mendes. Médica Patologista Clínica. Doutora em Medicina (Patologia). Chefe da seção técnica de Bioquímica de Sangue DLC HC FMUSP.

Referências Bibliográficas

1. TZU-I CHIEN, T.I; KAO,J.T.; LIU,H.L.; LIN, P.C.; HONG, J.S.; HSIEH, H.P.; CHIEN, M.J. Urine sediment examination: A comparison of automated urinalysis systems and manual microscopy. Clinica Chimica Acta v.384, p.28–34, 2007.
2. MANONI, F.; FORNASIERO, L.; ERCOLIN, M.; TINELLO, A.; FERRIAN, M.; HPOFFER, P.; VALVERDE, S.; GESSONI, G. Cutoff values for bacteria and leukocytes for urine flow cytometer Sysmex UF -1000i in urinary tract infections. Diagnostic Microbiology and Infectous Disease v.65 p.103-107, 2009;
3. MANONI, F.; TINELLO, A.; FORNASIERO, L.; HOFFER, P.; VALVERDE, S.; GESSONI,G. Urine particle evaluation: a comparison between the UF-1000i and quantitative microscopy. Clin Chem Lab Med v.48 n.8,p.1107-1111, 2010.
4. DE ROSA, R.; GROSSO, S.; BRUSCHETTA, G.; AVOLIO,M.; STANO,P.; MODOLO, M.L.; CAMPORESE, A. Evaluation of the Sysmex UF 1000i flow cytometer for ruling out bacterial urinary tract infection. Clinica Chimica Acta v.411, p.1137-1142, 2010.
5. OKADA,H.; HORIE, S.; INOUE, J.; KAWASHIMA, Y. The basic performance of bacteria counting for diagnosis of urinary tract infection using the fully automated urine particle analyzer UF-1000i. Sysmex Journal Interantional V.17n.2 p.95-101,2007.
6. SATO, A.F.; SVIDZINSKI, A.E.; CONSOLARO, M.E.L.; BOER, C.G.Nitrito urinário e infecção do trato urinário por coccos gram –positivos. J.Bras Patol Med Lab, v.41, n.6, p.397-404 Dez, 2005
7. STRASINGER, S.K.;DI LORENZO, M.S. Urinálise e Fluidos corporais.5º edição , São Paulo:Livraria Médica Paulista Editora, 2009.
8. FAIRLEY,K.F.; BIRCH, D.F. Hematuria: A Simple Method for Identifying Glomerular Bleeding. Kidney International, v.21, p. 105-108, 1982.
9. MEINDERT, J.C.; RIJKE, Y.B.; VERHAGEN, P.C.M.S. ; CRANSBERG, K; ZIETSE, K.R. Diagnostic Value of Urinary Dysmorphic Erythrocytes in Clinical Practice. Nephron Clin Pract, v.115, n.3, p.203-212, 2010.
10. Cinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) Urinalysis; Approved Guideline -Third Edition. CLSI document GP16-A3 (ISBN 1-56238-687-5). Clinical and Laboratory Standards Institute, 940 West Valley Road,Suite 1400, Wayne, Pennsylvania USA, 2009.
11. GRAHAM, J.C.; GALLOWAY, A. The laboratory diagnosis of the urinary tract infection. J Clin Pathol, v.54, p.911-919, 2001.
12. WHITING, P.; WESTWOOD, M.; WATT, I.; COOPER, J.; KLEIJNEM, J. Rapid tests and urine sampling techniques for the diagnosis of urinary tract infection (UTI) in children under five years: a systematic review. BMC Pediatrics, v.5, n.5(1), p.4, 2005.
13. CHERNESKY,M.; JANG,D.; KREPEL,J.; SELLORS,J.; MAHONY,J. Impact of reference standard sensitivity on accuracy of rapid antigen detection assays and leukocyte esterase dispstick for diagnosis Clhamydia Trachomatis infection in first –void urine specimens form men. J Clin Microbiol. September,v.37, n.9, p.2777-2780, 1999.
14. MILLER, W. C. ; SWYGARD, H.; HOBBS, M.M. ; FORD, C.A. ; HANDCOCK, M.S. ; MORRIS, M.; SCHMITZ, J. L. ; COHEN, M. S. ; HARRIS, K.M; UDRY, J. R. The Prevalence of Trichomoniasis in Young Adults in the United States. Sexually Transmitted Diseases, October, v.32, n.10, p. 593-598, 2005.
15. SODRÉ, F.L.; COSTA, J.C.B. – Avaliação da função e da lesão renal: um desafio laboratorial. J Bras Patol Med Lab, 2007.
16. MUNHOZ, M. A. G.; MEDEIROS JUNIOR, N. Comparação Intralaboratorial em Microscopia. In OLIVEIRA, C.A.; MENDES, M.E. (organ). Gestão da fase analítica do laboratório: como assegurar a qualidade na prática. 1º ed. Rio de Janeiro: ControlLab, 2010. Cap.4, p.95 – 117.
17. Recomendações da SBPC/ML. Gestão da Fase Pré-Analítica, Exame de Urina de Rotina. 1º ed., Rio de Janeiro: SBPC/ML, 2010.

Análise das respostas e comentários dos participantes

Questão 1: A alternativa incorreta é a opção 4. Para qualquer equipamento do laboratório há necessidade de manutenção preventiva. Para este tipo de equipamento o plano de manutenções minimamente deve envolver: verificação de condições elétricas, limpeza, verificação do sistema de pipetagem, checagem da impressora, verificação de partes ópticas, troca de lâmpada e recalibração periódica. Os registros comprobatórios são requeridos.

Referências: Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) Urinalysis; Approved Guideleine -Third Edition. CLSI document GP16-A3 (ISBN 1-56238-687-5). Clinical and Laboratory Standards Institute, 940 West Valley Road,Suite 1400, Wayne, Pennsylvania USA, 2009.

Questão 3: A alternativa correta é a opção 2. Os testes de precipitação com ácidos podem acontecer a quente ou a frio. O ácido sulfossalicílico a 3% reage a frio com todas as proteínas. É necessário elaborar uma escala de turvação para que boas praticas sejam realizadas. Uma tabela pode demonstrar aos envolvidos quais são os padrões aceitos pelo serviço, envolvendo 3 colunas:

• Graduação da turvação: desde negativo até 4+ ;
• Turvação desde não há aumento de turvação até grumos de proteínas presentes;
• Outra apresentando a correspondência em intervalo de proteínas (mg/dL).

A urina é constituída por uréia e outros compostos orgânicos e inorgânicos dissolvidos em água. A urina tem 95% de água e 5% de solutos.

A uréia, um produto residual da metabolização de proteínas, é responsável por quase metade dos sólidos dissolvidos na urina. Outras substâncias orgânicas, além dela, incluem-se como a creatinina e o ácido úrico. Substâncias inorgânicas dissolvidas mais comumente são: sódio, potássio, cloreto.

Em nível de concentrações menores encontram-se: ácido hipúrico, sulfatos, fosfatos, amônio, magnésio, cálcio.

A urina normal contém quantidade pequena de proteínas (inferior a 10mg/dL ou 100 mg nas 24 horas), constituindo-se de proteínas de baixo peso molecular. Sua presença requer testes complementares para que haja significado clínico.

Glicose: em condições normais toda a glicose filtrada pelo glomérulo é reabsorvida no túbulo contornado proximal.

Cetonas: representam produtos intermediários do metabolismo lipídico e normalmente quantidades mensuráveis não aparecem na urina.

Referências: Strasinger, S.K.;Di Lorenzo, M.S. Urinálise e Fluidos corporais.5º edição ,São Paulo:Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

Questão 7: Alternativa correta é a opção 4. “Técnica acurada na sua execução pela equipe laboratorial, reagentes novos e dentro de suas especificações, orientações pré – analíticas seguidas corretamente”. Estes são pontos de boas práticas no laboratório clínico.

Referências: Strasinger, S.K.;Di Lorenzo, M.S. Urinálise e Fluidos corporais.5º edição ,São Paulo:Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

Questão 9: Alternativa incorreta é a opção 2. Na área de sangue o teste químico baseia-se na reação com peróxido de hidrogênio e um cromógeno (tetrametilbenzidina) produzindo uma oxidação deste e a cor esverdeada. Este teste é igualmente sensível a hemoglobina, mioglobina e hematúria.

Na diferenciação entre hemoglobina e mioglobina inicia-se pela história clínica associada à elevação na medida da atividade enzimática de CK e LDH no soro. A observação do plasma do paciente auxilia, pois na presença de mioglobina acima de 25 mg/mL o plasma fica vermelho.
Um teste de precipitação utilizando-se a amostra de urina com sulfato de amônia, seguindo-se de filtração e aplicação do filtrado na tira reagente. Pode apontar presença de mioglobina quando o sobrenadante for vermelho e o resultado da tira for positivo para sangue. Caso haja hemoglobina o precipitado ficará vermelho e o sobrenadante dará resultado negativo na tira para a área de sangue.

Interferentes falso positivos podem acontecer na presença de sangue menstrual, oxidantes fortes como hipoclorito de sódio, peroxidase bacteriana, ácido ascórbico. Reações falsamente negativas acontecem com urinas contaminadas com formol, captopril, nitrito.

Referências: Strasinger, S.K.;Di Lorenzo, M.S. Urinálise e Fluidos corporais.5º edição ,São Paulo:Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

Questão 10: A alternativa incorreta é a opção 2. O teste do nitrito nas tiras reagentes ou de Greiss é um método rápido para a triagem de infecções do trato urinário por bactérias produtoras de nitrato redutase, que convertem nitrato a nitrito. O teste consiste em: nitrito em pH ácido que reage com a sulfanilamida para formar um composto diazônio. Este reage com tetrahidrobenzoquinolina e a coloração rósea. A presença de grande quantidade de ácido ascórbico pode competir com o sal diazonio e não dar resposta ao teste.

Requer um intervalo miccional de 4 horas para que resultados positivos possam ser detectados. Staphilococcus saprofiticus não produzem esta enzima, mas enterobactérias e alguns cocos gram positivos têm esta propriedade. Resultados falsos negativos podem ocorrer por intervalos miccionais muito curtos, ausência de nitrato na dieta, presença de bactérias que não sintetizam a enzima nitrato redutase, o uso de antibióticos, erros na execução do procedimento, ácido ascórbico em elevadas concentrações. Resultados falsos positivos podem ocorrer por amostras armazenadas inadequadamente ou por tempo prolongado onde ocorre o crescimento bacteriano.

Um teste de nitrito positivo deve ser acompanhado de teste positivo para a esterase leucocitária. A leucócito esterase está presente na linhagem granulocítica dos leucócitos (eosinófilos, basófilos e neutrófilos) e monócitos.Trichomonas e Chlamydia trachomatis também têm esterase. Linfócitos e hemácias não têm esterase.

O teste da esterase leucocitária na tira reagente baseia-se na hidrólise do ácido indoxilcarbônico produzindo um composto aromático e ácido, que se combina com um sal diazonio gerando cor púrpura. Estas reações requerem mais tempo que as demais (2 minutos). A presença de agentes oxidantes fortes, formalina e nitrofurantoína produzem falsos positivos. Resultados falsamente negativos acontecem em altas concetrações de proteínas, glicose, ácido oxálico e ácido ascórbico, presença de alguns antibióticos como gentamicina, tetraciclina e cefalexina.

Questão 11: A alternativa correta é a opção 1. O que diferencia cistite de pielonefrite são os cilindros leucocitários

Referências: Strasinger, S.K.;Di Lorenzo, M.S. Urinálise e Fluidos corporais.5º edição, São Paulo:Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

Questão 12: A alternativa incorreta é a opção 1. “Na reação de glicose oxidase, para detecção de glicose, os altos níveis de ácido ascórbico podem gerar falsos resultados positivos, o mesmo ocorrendo com a presença de cetonas na amostra”. Estas são causas de falsos negativos na glicosuria.

Referências: Strasinger, S.K.;Di Lorenzo, M.S. Urinálise e Fluidos corporais.5º edição ,São Paulo:Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

Questão 13: A alternativa incorreta é a opção 3. Em determinadas populações como crianças, idosos e gestantes a demora no diagnóstico das Infecções do Trato Urinário (ITU) pode trazer sérias complicações, tais como a pielonefrite e a septicemia. O método padrão ouro ainda é a associação da coloração de Gram com a urocultura porque identificam o agente etiológico, em decorrência delas a susceptibilidade aos antibióticos pode ser realizada, além de possibilitarem a estimativa de sua concentração inibitória mínima. No entanto a cultura é um procedimento trabalhoso e demorado em sua execução, pode produzir resultado negativo quando a houver quantidades inferiores a 10 x 105 unidades formadoras de colônias/ mL.

A literatura aponta a presença de vários e eficazes testes triadores para este tipo de suspeita clínica, os quais otimizam os custos e aumentam a eficiência na entrega de resultados, contribuindo para uma tomada de decisões mais rápida pelo corpo clínico. Estes testes rápidos já assumiram o seu posto na hierarquia de diagnóstico para a ITU. A microscopia utilizando-se ou não da coloração das amostras de urina também está inclusa nesta triagem.

As tiras reagentes para a urinálise, de diferentes procedências, empregam métodos que detectam a presença de leucócitos através da ação da esterease leucocitária e/ou nitrato redutase (que reduz nitrato a nitrito) que está presente em infecções por algumas bactérias Gram negativas.
Com a ampliação do uso de citômetros de fluxo utilizando-se corantes fluorescentes que se ligam ao DNA, como analisadores de sedimentos urinários, suas aplicações estão se expandindo. Uma delas é a triagem para infecções do trato urinário através da detecção bacteriana e sua contagem.

Referências:

  • Tzu-I Chien, T.I; Kao,J.T.; Liu,H.L.; Lin, P.C.; Hong, J.S.; Hsieh, H.P.; Chien, M.J.. Urine sediment examination: A comparison of automated urinalysis systems and manual microscopy. Clinica Chimica Acta v.384, p.28–34, 2007.
  • Manoni,F.; Fornasiero,L.; Ercolin,M.; Tinello,A.; Ferrian,M.; Hpoffer, P.; Valverde,S.; Gessoni,G. Cutoff values for bacteria and leukocytes for urine flow cytometer Sysmex UF-1000i in urinary tract infections. Diagnostic Microbiology and Infectous Disease v.65 p.103-107, 2009.
  • Manoni, F.; Tinello, A.; Fornasiero, L.; Hoffer, P.; Valverde, S.; Gessoni,G. Urine particle evaluation: a comparison between the UF-1000i and quantitative microscopy. Clin Chem Lab Med v.48 n.8,p.1107-1111, 2010.
  • De Rosa, R.; Grosso, S.; Bruschetta, G.; Avolio,M.; Stano,P.; Modolo, M.L.; Camporese, A. Evaluation of the Sysmex UF 1000i flow cytometer for ruling out bacterial urinary tract infection. Clinica Chimica Acta v.411, p.1137-1142, 2010.
  • Okada,H.; Horie, S.; Inoue, J.; Kawashima, Y. The basic performance of bacteria counting for diagnosis of urinary tract infection using the fully automated urine particle analyzer UF-1000i. Sysmex Journal Interantional V.17n.2 p.95-101,2007.

Questão 14: A alternativa correta é a opção 2. Estes na realidade são critérios de rejeição de amostras no laboratório para a realização do exame de urina de rotina.

Referências:
• Recomendações da SBPC/ML Gestão da Fase Pré-Analítica, Exame de Urina de Rotina. 1ºed., Rio de Janeiro: SBPC/ML, 2010.
• Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) Urinalysis; Approved Guideleine -Third Edition. CLSI document GP16-A3 (ISBN 1-56238-687-5).Cinical and Laboratory Standards Institute, 940 West Valley Road,Suite 1400, Wayne, Pennsylvania USA, 2009.

Questão 15: A alternativa correta é a opção 3. Todas as demais alternativas são definidas pelo GP 16 -A3 como certas. O que se preconiza é a verificação de insumos, controles, calibradores, operadores, máquinas, e condições ambientais. Dentre os equipamentos sugere-se verificar o cumprimento do plano de manutenções, a limpeza, a operação correta e sua calibração a intervalos regulares.

Referências: Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) Urinalysis; Approved Guideleine -Third Edition. CLSI document GP16-A3 (ISBN 1-56238-687-5).Cinical and Laboratory Standards Institute, 940 West Valley Road,Suite 1400, Wayne, Pennsylvania USA, 2009.

Gabarito

Pergunta 1 – Opção 4
Pergunta 2 – Opção 3
Pergunta 3 – Opção 2
Pergunta 4 – Opção 3
Pergunta 5 – Opção 1
Pergunta 6 – Opção 3
Pergunta 7 – Opção 4
Pergunta 8 – Opção 3
Pergunta 9 – Opção 2
Pergunta 10 – Opção 2
Pergunta 11 – Opção 1
Pergunta 12 – Opção 1
Pergunta 13 – Opção 3
Pergunta 14 – Opção 2
Pergunta 15 – Opção 3

Elaborador:

Maria Elizabete Mendes. Médica Patologista Clínica. Doutora em Medicina (Patologia). Chefe da seção técnica de Bioquímica de Sangue DLC HC FMUSP.

Referências Bibliográficas

Consultar o texto complementar elaborado pelo autor do questionário.

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