Inteligência artificial revolucionando a medicina diagnóstica: a tendência que salva vidas
por Christiano Berti, Diretor de Unidade de Medicina Diagnóstica da MV
A medicina diagnóstica desempenha um papel essencial no sistema de saúde moderno, sendo a base para decisões médicas mais rápidas, precisas e personalizadas. Este mercado, que movimenta mais de R$25 bilhões anualmente no Brasil, se expande a um ritmo acelerado, impulsionado pelo avanço da tecnologia e pelo aumento na demanda por cuidados médicos acessíveis e eficazes.
Podemos, enquanto setor, apontar para transformações ainda mais profundas, motivados por um dos maiores eventos da América Latina para o segmento, a Jornada Paulista de Radiologia, que aconteceu no início de maio. A maior mudança, neste contexto, passa pela inteligência artificial (IA), a digitalização de dados e a personalização do diagnóstico, assumem um protagonismo sem precedentes.
O futuro da medicina diagnóstica será moldado por tecnologias inovadoras, como visualizadores de alta resolução integrados com IA, que já começam a transformar a experiência do paciente e a eficiência dos profissionais.
Já podemos ver os seus impactos no setor e os desafios que precisam ser enfrentados para garantir um futuro mais promissor para a saúde no Brasil e no mundo. E para o ciclo de 2025 e 2026, posso apontar de que forma essa IA irá performar no âmbito profissional e também para a vida de todos os pacientes.
A radiologia tem se destacado como uma das áreas mais avançadas na adoção de soluções desse tipo. Cerca de 80% das aprovações do FDA (Food and Drug Administration) para soluções de IA são voltadas para a área de imagem médica. Isso mostra como a radiologia está à frente na integração dessas tecnologias, que ajudam a melhorar a precisão e a eficiência dos diagnósticos.
Apesar do avanço, ainda existem desafios significativos. A complexidade da tecnologia e a dificuldade em entender em quais áreas a IA pode gerar valor real são questões que precisam ser superadas.
Muitas instituições ainda estão testando e avaliando onde a IA pode ser mais eficaz, especialmente em áreas onde os resultados nem sempre são os esperados.
O exemplo mais claro de solução para isso é o VIDA, uma solução MV que integra IA com visualização de alta resolução. Esse sistema permite que radiologistas analisem simultaneamente exames antigos e novos, gráficos clínicos e outras informações relevantes, facilitando o diagnóstico de condições complexas como o câncer de próstata.
Outra tendência que ganha força é o uso de IA generativa, especialmente na interpretação de laudos médicos. Essa tecnologia pode auxiliar os médicos na identificação de padrões e doenças, além de sugerir revisões de diagnósticos com base em dados históricos.
Por exemplo, a IA pode analisar um laudo e sugerir ao médico a revisão de um diagnóstico, com base em comportamentos e doenças que têm maior incidência naquela instituição.
Outra aplicação promissora dessa tecnologia é a sumarização de prontuários médicos. Em casos complexos, os médicos precisam analisar grandes volumes de dados, o que pode ser demorado. É possível resumir essas informações, permitindo que os médicos acessem os dados relevantes de forma rápida. Isso não só economiza tempo, mas também aumenta a capacidade de atendimento, especialmente em hospitais com alto volume de pacientes.
A IA também está sendo utilizada para aprimorar a qualidade de imagens médicas, especialmente em equipamentos menos avançados. Com algoritmos apropriados, é possível reduzir ruídos e melhorar a resolução das imagens, ajudando os médicos a identificar lesões que poderiam passar despercebidas.
Para finalizar, tenho também um exemplo prático: em regiões onde os hospitais possuem tomógrafos de quatro ou oito canais, a IA pode ser usada para melhorar a qualidade das imagens, permitindo que os médicos identifiquem lesões que não seriam visíveis apenas com o equipamento disponível. Essa tecnologia é particularmente útil em locais onde os recursos são mais limitados.
Apesar dos desafios econômicos, há uma tendência crescente de adoção dessa abordagem, impulsionada pelos bons resultados obtidos nos últimos anos. Grande auxiliar da medicina diagnóstica, a IA é uma realidade no presente e uma ferramenta poderosa para salvar vidas. Cabe a nós todos integrarmos ela ao cotidiano com responsabilidade e efetividade.