Artigos Científicos

Edição 248: Revisão Sobre os Aspectos Imunofisiopatológicos na Leishmaniose Tegumentar Americana em Humanos

por Brunes, Paula Marquez¹
Quixabeira, Valéria Bernadete Leite²

RESUMO
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecto-parasitária, causada por protozoários do gênero Leishmania, que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e ampliação de sua ocorrência geográfica, sendo encontrada atualmente em 98 países e em todos os estados brasileiros, sob diferentes perfis epidemiológicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas no mundo estejam expostas ao risco com registro aproximado de 1,5 milhão de novos casos das diferentes formas clínicas ao ano, sendo, assim, considerada um problema de saúde pública nos países atingidos. Cada forma clínica se desenvolve de acordo com o tipo de resposta imune, a qual é ativada com a produção de mediadores pró e anti-inflamatório por meio das subpopulações de monócitos via receptores Toll-like 2, 4 e 9. Portanto, a alteração de diferentes subpopulações de monócitos, bem como a
expressão de TLR2, TLR4 e TLR9 pode ser benéfica ou não, dependendo da forma clínica ou espécie de parasito causador da infecção. O desequilíbrio entre as subpopulações de monócitos pode ser crucial para o controle ou a manutenção/gravidade da LTA, podendo auxiliar no prognóstico clínico.

PALAVRAS-CHAVE: monócitos, subpopulações de monócitos, LTA, Leishmaniose, TLR.

SUMMARY
American Cutaneous Leishmaniasis (LTA) is an infectious-parasitic disease caused by protozoa of the Leishmania genus, which has been increasing in the last 20 years and increasing its occurrence in 98 countries and in all Brazilian states, under different epidemiological profiles. The World Health Organization (WHO) estimates that 350 million people worldwide are exposed to the risk with an estimated 1.5 million new cases of different clinical forms per year and is thus considered a public health problem in the countries achieved. Each clinical form develops according to the type of immune response, which is activated by the production of pro-and anti-inflammatory mediators through the subpopulations of monocytes via Toll-like receptors 2, 4 and 9. Therefore, alteration of different monocyte subpopulations as well as the expression of TLR2, TLR4 and TLR9 may be beneficial or not depending on the clinical form or species of parasite causing the infection. Unbalance between subpopulations of monocytes may be crucial for the control or maintenance / severity of LTA, and may aid in clinical prognosis.

KEY WORDS: Monocytes, monocyte subpopulations, LTA, Leishmaniasis, TLR

INTRODUÇÃO

A expressão “leishmaniose” corresponde a um complexo de doenças infecto-parasitárias, não contagiosas, com diferentes formas clínicas. Pode ser causada por diferentes espécies do gênero Leishmania, que acomete a pele e/ou mucosas orais e nasofaringea. A doença é transmitida através da picada do flebótomo do gênero Lutzomyia. A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é classificada como uma doença tropical negligenciada (DTN), sendo, portanto, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das seis mais importantes doenças infecciosas, por seu alto coeficiente de detecção e por causar lesões deformantes a depender da forma clínica, além de apresentar um caráter emergencial para início do tratamento(¹).

A LTA constitui um problema de saúde pública em 98 países, distribuídos em quatro continentes (Américas, Europa, África e Ásia), com registro anual de 1,5 milhão de novos casos. No Brasil, a LTA é uma das afecções dermatológicas que requerem mais atenção, devido à sua magnitude, pois as deformidades que podem ocorrer provocam no ser humano reflexos no campo social, econômico e psicológico. Por isso, pode ser considerada uma doença ocupacional. A doença apresenta registros de casos em todas as regiões brasileiras, com maior foco nas regiões Norte e Centro-Oeste. Em Goiás, no período de 2007 a 2017, foram notificados 4.480 casos(²) .

A Leishmania é um protozoário pertencente à família Trypanosomatidae, com duas formas principais no ciclo biológico: a promastigota (flagelada) encontrada no tubo digestivo do inseto vetor, e a amastigota (aflagelada), observada nos tecidos dos hospedeiros vertebrados. No homem, as formas amastigotas, se proliferam dentro do sistema fagocítico mononuclear especialmente dentro dos monócitos e macrófagos. A proliferação das formas amastigotas e a resposta imune desenvolvida pelo hospedeiro contra os parasitos causam as lesões inflamatórias crônicas características da LTA(³, ⁴).

Sendo os monócitos células circulantes no sangue e que migram para o sítio da inflamação iniciada no local da picada do flebótomo, se faz importante a compreensão do padrão fenotípico e funcional destas células, sendo, portanto, reconhecido em condições fisiológicas três subpopulações de monócitos no sangue periférico humano: os clássicos (CD14++CD16-), os intermediários (CD14++CD16+) e os não clássicos (CD14+CD16++)(⁵).

Os estudos dos receptores de reconhecimento antigênico, em especial os receptores semelhante ao toll-like (TLRs), e dos monócitos, são primordiais para compreender a interação parasito hospedeiro, bem como a fisiopatologia da doença(⁶).

1. Acadêmica do Curso de Biomedicina na Escola de Ciências Médicas, Farmacêuticas e Biomédicas na Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

2.Biomédica (PUC-Goiás). Mestre em Genética (PUC) e Doutora em Medicina Tropical e Saúde Pública (UFG). Professora Assistente da Escola de Ciências Médicas, Farmacêuticas e
Biomédicas, PUC-Goiás. Biomédica do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH-GO).

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