Artigos Científicos

Edição 246 – Associação das Alterações da Alimentação e Deglutição em Pacientes com Derrame Ascítico

por Aguiar, Bianca Rodrigues¹ • Santos, Maysa de Andrade² • Braz, Luisa Vargas³ • Mituuti, Claudia Tiemi⁴ • Haas, Patrícia⁵

Pesquisa desenvolvida no Hospital Universitário UFSC, Florianópolis SC. Não possui fontes de financiamento.

RESUMO

Objetivo: identificar possíveis associações entre as alterações na deglutição e na alimentação em pacientes com derrame ascítico. Método: estudo piloto do tipo transversal observacional. Coleta com pacientes internados em um hospital universitário; avaliação clínica da deglutição dos pacientes identificados com ou sem alterações de deglutição; classificação do nível de ingestão oral por meio da escala funcional de ingestão oral; informação da severidade do derrame cavitário. Incluídos pacientes acima de 18 anos de idade que apresentaram derrame ascítico e excluídos, pacientes mantidos sob ventilação mecânica nas últimas 48 horas; diagnóstico de doenças neurológicas adquiridas; alterações estruturais e cirúrgicas na região faríngea/laríngea. Resultados: 20 pacientes com ascite (16 homens e 4 mulheres) com idades entre 21 e 81 anos de
idade. Quatro pacientes apresentaram alterações na biodinâmica da deglutição com sinais clínicos de penetração/aspiração durante a avaliação clínica da deglutição. Valor p significativo para a associação entre a ingestão oral e o valor de sódio no sangue (p=.0,002) calculado pelo Mann-Whitney Test. Na Correlação de Spermann, foi verificado que a FOIS é diretamente proporcional aos valores de sódio sanguíneo, o coeficiente de correlação de 0,697, apresentando uma força moderada. Conclusão: observou-se que pacientes com maior nível de ingestão oral apresentam maior índice de sódio sanguíneo no exame padrão. No entanto, não foi possível relatar associação do volume do derrame e presença de alterações na deglutição. A doença prevalente nos casos de ascite foi a cirrose (alcoólica e por hepatite C).

PALAVRAS-CHAVE: transtornos da deglutição, ascite, fonoaudiologia, cavidade abdominal.

SUMMARY

Objective: to identify possible association between swallowing problems and feeding in patients with ascitic effusion. Method: a cross-sectional observational pilot study. Collection with patients admitted to a university hospital; clinical evaluation of swallowing in patients identified with or without swallowing disorders; classification of the level of oral intake through the functional scale of oral intake; information on the severity of the cavity spill. Including patients over 18 years of age who had ascitic effusion and excluded, patients maintained on mechanical ventilation in the last 48 hours; diagnosis of acquired neurological diseases; structural and surgical changes in the pharyngeal / laryngeal region. Results: 20 patients with ascites (16 men and 4 women) aged between 21 and 81 years old. Four patients showed changes in the biodynamics of swallowing with clinical signs of penetration / aspiration during the clinical evaluation of swallowing. Significant p-value for the association between oral intake and blood sodium (p = .0.002) calculated by the Mann-Whitney Test. In the Spermann Correlation, it was found that the FOIS is directly proportional to the blood sodium values, the correlation coefficient of 0.697, presenting a moderate strength. Conclusion: It was observed that patients with a higher level of oral intake have a higher blood sodium index in the standard examination, however it was not possible to report an association of the volume of the stroke and thepresence of changes in swallowing. The prevalent disease in cases of ascites was cirrhosis (alcoholic and hepatitis C).

KEY WORD: deglutition disorders, speech, language and hearing sciences, ascitis, abdominal cavity.

INTRODUÇÃO

A deglutição é um ato de grande importância na vida dos seres humanos, mesmo parecendo simples é uma ação complexa, que envolve estruturas e sistemas que estão ligados ao ato da respiração. Durante uma deglutição normal, o alimento é transportado da cavidade oral até o estômago sem que nenhum resíduo penetre a via aérea e, quando este quadro se encontra alterado, caracteriza-se a disfagia(¹). A disfagia pode originar-se de alterações neurogênicas, psicogênicas ou mecânicas. Apresenta-se por meio de diversos sinais e sintomas, como a tosse e o engasgo, além de ser um relevante fator de risco para pneumonias aspirativas, desnutrição e desidratação(²,³).

O corpo humano possui membranas serosas que envolvem as cavidades corpóreas fechadas ou cavidades serosas, as quais estão classificadas em pleural, pericárdica e peritoneal. Essas membranas possibilitam que os órgãos se movimentam, sem que haja atrito com outras estruturas corporais. Um derrame cavitário se caracteriza por um desequilíbrio no padrão dos líquidos que cada cavidade possui(⁴,⁸). Dentro da normalidade, a cavidade abdominal possui o fluido peritoneal ou líquido ascítico, cujo equilíbrio depende do plasma que flui através dos vasos linfáticos e do sangue para dentro e para fora da cavidade. Quando ocorre um desequilíbrio se forma a ascite a qual é reconhecida como um acúmulo de líquidos patológicos na cavidade peritoneal. Muitos distúrbios possuem como decorrência a ascite, como doenças renais, cardíacas, hepáticas e infecções; e o prognóstico pode ser desfavorável, dependendo da doença subjacente(⁹,¹¹).

Doenças, como a encefalopatia e pneumonia, possuem a disfagia e derrames cavitários como causas e/ou sinais e sintomas. A encefalopatia tem como sinal a disfagia e, nos casos de encefalopatia hepática, a cirrose, que está diretamente ligada com a ascite, pode apresentar um derrame pleural(¹²,¹⁴).

Alguns estudos indicam que existem possíveis sinais de alterações na deglutição quando da ocorrência de derrame cavitário, porém não indicam a possibilidade desta associação. Diversos autores referem-se aos achados clínicos de derrames cavitários associados a doenças específicas diagnosticadas. No entanto, os mesmos não relacionam com os sinais que caracterizam a disfagia dos pacientes referidos nos estudos(²,¹⁵,¹⁶).

Portanto, a presente pesquisa objetivou identificar possíveis associações das alterações na deglutição e na alimentação em pacientes com derrame ascítico.

Leia artigo científico completo na íntegra da revista LAES&HAES edição 246 ou clique aqui para ler já!

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¹Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7259-6590
² Residência em Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil.
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3086-3029
³ Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil..https://orcid.org/0000-0003-2965-8343
⁴ Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil.
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-8991-3812
⁵ Curso deFonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9797-7755

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