A seguir são comentadas as questões para as quais foram recebidas mais dúvidas quando disponibilizadas para os usuários Controllab
Pergunta 1: A resposta é a opção 4. Todas as afirmações estão corretas. Os compostos descritos nas alternativas 1 e 2 podem sofrer adsorção no gel separador do tubo de coleta e interferir na dosagem desses analitos. Além disso, anticoagulantes como a heparina lítica e fluoreto de sódio podem inibir reações imunológicas.
Pergunta 2: A resposta é a opção 2. O EDTA pode inibir a atividade da fosfatase alcalina em ensaios que utilizam esta enzima como traçador (Immulite Siemens ou Access/DxI Beckman-Coulter), principalmente em tubos de coleta não preenchidos com o volume de sangue preconizado (elevando a concentração de EDTA), resultando em valores falsamente baixos de PTH (ensaio imunométrico). O EDTA pode quelar íons como o európio, levando a resultados falsamente diminuídos em ensaios imunométricos.
Pergunta 3: A resposta é a opção 3. Ensaios quimioluminescentes em geral são pouco afetados pela hemólise. Por outro lado, a hemólise pode provocar a liberação do folato intraeritrocitário (concentração muito maior que a sérica) ou de enzimas proteolíticas que degradam peptídeos pequenos como ACTH, PTH, insulina, glucagon, gastrina e calcitonina. Também ensaios enzimáticos cuja leitura é realizada na faixa de absorção da hemoglobina (340-560 nm) podem sofrer a interferência da maior concentração de hemoglobina livre presente em amostras hemolisadas.
Pergunta 4: A resposta é a opção 4. Todas as afirmações estão corretas. A lipemia pode interferir principalmente em ensaios turbidimétricos e nefelométricos, mas também em imunensaios de esteroides e hormônios livres, pelas razões descritas nas alternativas 1, 2 e 3.
Pergunta 5: A resposta é a opção 1. A precipitação de paraproteínas pode aumentar a viscosidade da amostra e por isso interferir em ensaios turbidimétricos ou nefelométricos. Pode também ocluir as pipetas do analisador. Alterações extremas das proteínas séricas podem acelerar ou retardar reações antígeno-anticorpo e interferir na cinética do ensaio. Cirrose, síndrome nefrótica ou desnutrição podem diminuir as proteínas transportadoras TBG, SHBG e CBG, com consequente redução dos níveis de T3/T4 total, estradiol, progesterona, testosterona e cortisol.
Pergunta 6: A resposta é a opção 4. Todas as afirmações estão corretas. Resultados falsamente alterados em imunoensaios podem ser causados por efeito matriz, contaminação da amostra com corantes, fluoroforos, radionuclídeos ou mesmo por níveis endógenos aumentados de fosfatase alcalina (no caso de ensaios que utilizam esta enzima como traçador).
Pergunta 7: A resposta é a opção 2. A heparina tem efeito in vivo e in vitro, provocando a liberação de ácidos graxos livres, que competem com o T4 pela ligação com a TBG e podem levar a resultados falsamente aumentados de T4 livre. A fenitoína, carbamazepina, salicilatos e furosemida também podem deslocar o T4 da TBG e, de maneira análoga, provocar falsos aumentos de T4 livre.
Pergunta 8: A resposta é a opção 1. A biotina não interfere em todo tipo de imunoensaio, mas apenas naqueles que utilizam a interação biotina-estreptavidina para fixar imunocomplexos na fase sólida. Em ensaios competitivos, a biotina pode levar a resultados falsamente aumentados, ao passo que, em ensaios imunométricos, os valores são falsamente baixos.
Pergunta 9: A resposta é a opção 4. A pró-insulina, hCG, dehidroepiandrosterona-sulfato e fragmento 7-84 podem provocar reação cruzada nos ensaios de insulina, LH, testosterona e PTH intacto, respectivamente. A reação cruzada é mais frequente em ensaios competitivos e não imunométricos.
Pergunta 10: A resposta é a opção 3. O efeito prozona pode ser eliminado incubando primeiro a amostra com o anticorpo de captura, seguido de lavagem do tubo de reação para eliminar o antígeno em excesso que não se ligou ao anticorpo de captura; só depois deve ser acrescentado o anticorpo de sinal. Este efeito pode ocorrer em ensaios imunométricos quando os níveis do analito são muito elevados, levando a resultados falsamente baixos. Pode ser detectado pela redosagem da amostra com diluições seriadas, que mostram resultados progressivamente maiores até que se estabilizam em diluições maiores.
Pergunta 11: A resposta é a opção 1. Anticorpos anti-tireoglobulina podem provocar resultados falsamente baixos de tireoglobulina em ensaios imunométricos e por isso devem ser dosados conjuntamente em toda amostra de tireoglobulina. Anticorpos anti-prolactina (macroprolactina), anti-TSH (macroTSH), anti-T3, anti-T4 e anti-insulina podem interferir em imunoensaios, geralmente levando a resultados falsamente aumentados dos respectivos hormônios.
Pergunta 12: A resposta é a opção 4. Todas as alternativas estão corretas. Os anticorpos heterofílicos ligam-se principalmente ao fragmento Fc de IgG de diferentes espécies, sendo o fator reumatoide (IgM reativa à IgG humana) um exemplo desse tipo de interferente. Sua prevalência é variável, podendo afetar até 3% das dosagens realizadas por imunoensaios.
Pergunta 13: A resposta é a opção 3. Os anticorpos anti-animais podem ser de qualquer classe de imunoglobulinas e se desenvolver em alguns indivíduos, depois desaparecer e mais tarde ressurgir; por isso, sua interferência é variável, mesmo em amostras coletadas do mesmo paciente em diferentes épocas. O tipo mais frequente são os anticorpos anti-IgG de camundongo (HAMA). São mais comuns em indivíduos que tem contato íntimo com animais ou em pacientes previamente tratados com anticorpos monoclonais para fins diagnósticos ou terapêuticos.
Pergunta 14: A resposta é a opção 4. A interferência analítica dos anticorpos heterofílicos ou anti-animais pode ser minimizada incubando a amostra em tubos bloqueadores específicos (Scantibodies) ou com soro não imune de camundongo ou coelho. Os anticorpos interferentes podem se ligar aos anticorpos de captura e sinal do ensaio, gerando um falso sinal e levando a resultados falsamente aumentados (interferência mais comum). Outra possibilidade é os anticorpos interferentes se ligarem a apenas um dos anticorpos do ensaio, impedindo a formação do complexo sanduíche e provocando resultados falsamente baixos.
Pergunta 15: A resposta é a opção 4. Todas as alternativas estão corretas. A repetição da dosagem em outro ensaio (principalmente se usar anticorpos de outra espécie) pode mostrar um resultado diferente do primeiro, sugerindo a presença de um interferente analítico. Também quando este está presente, a diluição seriada da amostra geralmente mostra resultados não lineares e a recuperação de padrões com concentração conhecida é variável.
Gabarito
Pergunta 1 – Opção 4
Pergunta 2 – Opção 2
Pergunta 3 – Opção 3
Pergunta 4 – Opção 4
Pergunta 5 – Opção 1
Pergunta 6 – Opção 4
Pergunta 7 – Opção 2
Pergunta 8 – Opção 1
Pergunta 9 – Opção 4
Pergunta 10 – Opção 3
Pergunta 11 – Opção 1
Pergunta 12 – Opção 4
Pergunta 13 – Opção 3
Pergunta 14 – Opção 4
Pergunta 15 – Opção 4
Elaborador: Marcelo Cidade Batista. Médico Endocrinologista e Patologista Clínico. Laboratório Clínico – Albert Einstein Medicina Diagnóstica
Referências Bibliográficas:
Sturgeon CM, Viljoen A. Analytical error and interference in immunoassay: minimizing risk. Ann Clin Biochem 2011;48:418–32.
Jones AM, Honour JW. Unusual results from immunoassays and the role of the clinical endocrinologist. Clinical Endocrinology 2006;64:234–44