Pergunta 1: A resposta é a opção 4. O FVW plasmático perde a atividade funcional se não acondicionado adequadamente. Portanto para evitar perda de função in vitro, o plasma deve ser descongelado no momento em que for analisado.
Como o FVW é reagente de fase aguda, seus níveis plasmáticos estão aumentados em condições tais como inflamação, infecciosas e neoplasia.
Os testes que determinam a atividade e quantidade do FVW não sofrem interferência da presença de fosfolípides plaquetários, portanto não há necessidade de dupla centrifugação da amostra.
O melhor anticoagulante para a coleta de amostra para os testes de FVW:Ag e FVW:RCo é o citrato de sódio 3,2%.
Pergunta 2: A resposta é a opção 3. Os testes determinação da atividade do Fator VIII:C; determinação quantitativa do FVW:Ag e funcional (FVW:RCo) são importantes e suficientes para fazer o diagnóstico laboratorial da DVW. Os outros testes como RIPA, CB, multímeros e ligação FVW ao FVIII:C são importantes para a caracterização dos subtipos da doença (2A, 2B, 2M e 2N).
O TP não se altera na DVW, mas o TTPA pode estar normal ou prolongado, depende dos níveis plasmáticos de fator VIII:C. Nas formas mais graves do tipo 1, tipo 3 e subtipo 2N ocorre o prolongamento do teste. A agregação plaquetária com ristocetina pode ser normal na DVW do tipo 1 (se altera apenas quando os níveis de FVW estiverem abaixo de 15%). Portanto, o fato do resultado de RIPA estar normal, não descarta a presença da doença.
Pergunta 3: A resposta é a opção 4. Exceto no subtipo 2N a atividade do FVW está alterada em todos os tipos e subtipos da DVW. Somente em alguns casos de 2N pode-se encontrar a alteração do FVW:RCo. O teste RIPA encontra-se alterada no tipo 2 (2A, 2B e 2M); tipo 3 e tipo 1 grave (FVW:Ag <15%). A contagem de plaquetas pode estar diminuída no subtipo 2B.
Pergunta 4: A resposta é a opção 2. A classificação proposta por Evan Sadler consiste em três diferentes tipos (tipos 1, 2 e 3), sendo que o tipo 2 tem quatro diferentes subtipos (2A, 2B, 2M e 2N). Os tipos 1 e 3 são defeitos antigênicos ou quantitativos (redução da produção de um FVW normal) e o tipo 2 é funcional ou qualitativo (síntese de FVW anormal). O tipo 1 apresenta um defeito quantitativo parcial e o tipo 3 um defeito quantitativo total (deficiência grave).
A DVW do tipo 3 corresponde a forma mais grave da doença e menos frequente, correspondendo a 1-5% dos casos da doença.
O subtipo 2B encontra-se associado a mutações com “ganho de função”, isto é, o gene mutante tem afinidade aumentada pela GpIb, o que ocasiona remoção constante dos multímeros de alto peso molecular da circulação. Os achados laboratoriais são semelhantes aos do subtipo 2A, o FVIII:C pode estar normal ou diminuído. A diferença entre os subtipos é a resposta exagerada da agregação plaquetária com baixas doses de ristocetina, no tipo 2B. Dessa forma, o diagnóstico diferencial entre subtipos 2A e 2B requer o teste RIPA.
Pergunta 5: A resposta é a opção 2. A DvW do tipo 2 (2A, 2B e 2M) apresenta desproporcionalidade entre a função e a quantidade do antígeno, relação FvW:RCo/ FvW:Ag menor que 0.7. Isso é devido à ausência dos multímeros de alto peso molecular. O subtipo 2M embora apresente de todos os pesos moleculares dos multímeros, o FVW:RCo está diminuído.
Na DVW do tipo 2 : TTPa, FVW:Ag, FVIII:C podem estar normais ou diminuídos.
Pergunta 6: A resposta é a opção 3. O fenótipo da DVW tipo 3 é caracterizado por níveis muito reduzidos ou indetectáveis do FVW (inferior a 1%) e valores reduzidos de FVIII:C (1-10%) no plasma.
Pergunta 7: A resposta é a opção 1. A agregação plaquetária com ristocetina (RIPA) é o teste que diferencia os subtipos 2A e 2B. No 2A a resposta de agregação em altas concentrações de ristocetina (1,2 a 1,5 mg /mL) está diminuída em relação a de indivíduos normais, enquanto que no subtipo 2B, a agregação é aumentada em baixas concentrações de ristocetina (0,3 – 0,6 mg/mL).
Pergunta 8: A resposta é a opção 2. O subtipo 2M associa-se a mutações no domínio A1, cujo produto apresenta ligação reduzida à GpIb, embora os multímeros de todos os tamanhos encontrem-se presentes. O FVW:RCo é particularmente baixo.
Pergunta 9: A resposta é a opção 2. Os testes obrigatórios para diagnosticar a DVW são as determinações de FVIII:C; FVW:Ag e FVW:RCo.
Pergunta 10: A resposta é a opção 3. Na DVW tipo 1 o paciente pode apresentar TS normal ou prolongado (depende dos níveis plasmáticos do FVW e do FVW intraplaquetário).
As relações da quantidade do FVW:Ag e função (FVW:RCo) e do FVIII e FVW:Ag são proporcional. A DVW tipo 1 é classificada como alteração quantitativa do fator. Os fatores FVIIII:C e FVW:Ag estão diminuídos. Se a quantidade do FVW:Ag está diminuída consequentemente a função acompanha.
Pergunta 11: A resposta é a opção 4. Embora o método agregométrico ainda seja considerado o padrão ouro de avaliação da função do FVW. O teste FVW:RCo apresenta coeficiente de variação (CV) muito alto podendo atingir até 40%, o que pode ocasionar erros no diagnóstico principalmente no tipo 1 da DVW. Atualmente, existem várias marcas de reagentes que avaliam a função do FVW por métodos imunológicos: ELISA ou turbidimétricos com a vantagem da automação. Encontram-se no mercado kits que contém partículas de látex sensibilizadas com anticorpos monoclonais específicos ao domínio A1 do FVW; marcas que contém plaquetas formalizadas e ristocetina; e outros, fragmento de Ib plaquetário ligado à partícula de látex e ristocetina. Esses reagentes apresentam boa sensibilidade em detectar baixos níveis de atividade do FVW com baixo CV.
O teste CB (ligação do FVW ao colágeno), desenvolvido por Favaloro EJ, a princípio tinha por objetivo substituir o FVW:RCo por ser mais fisiológico e baixo CV, porém os dois testes avaliam domínios diferentes do FVW. O CB avalia domínio A3 e o FVW:RCo o domínio A1 do FVW. Portanto, um teste não substitui o outro.
Pergunta 12: A resposta é a opção 4. Os níveis plasmáticos do FVW variam de acordo com o grupo sanguíneo ABO, sendo que indivíduos do grupo O apresentam valores inferiores em relação aos dos grupos não-O.
As situações: Infecção, inflamação e gravidez estão relacionadas com o aumento do FVW plasmático.
Pergunta 13: A resposta é a opção 3. O subtipo 2N, de transmissão recessiva, associa-se a mutações nos domínios D’ a D3, que impedem a ligação do FVIII ao FVW. Os pacientes apresentam baixos níveis de FVIII e níveis normais ou limítrofes de FVW:Ag e FVW:RCo, o que, não raramente, leva a um falso diagnóstico de hemofilia A leve ou moderada.
Pergunta 14: A resposta é a opção 2. Testes de mistura de plasma/plaquetas são necessários para a distinção entre DVW subtipo 2B e pseudo-DVW. Na DVW subtipo 2B, a adição de plaquetas normais ao plasma de um paciente resulta em RIPA hiperagregante, o que não se observa na pseudo-DVW.
Pergunta 15: A resposta é opção 3.
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- Manual de diagnóstico e tratamento da doença de von Willebrand. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Especializada 2008.