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A pancreatite e o álcool

Por Roscelli Maiolini

O pâncreas é um órgão do sistema digestivo, localizado profundamente no abdômen, atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. Ele possui duas funções principais: a endócrina, responsável pela produção de insulina, e a exócrina, responsável pela produção de enzimas envolvidas na digestão dos alimentos para que eles possam ser absorvidos pelo intestino delgado.

A pancreatite é uma inflamação pancreática que pode determinar uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica, acarretan¬do significativa morbidade e mortalidade em 20% dos pacientes. É uma doença desencadeada pela ativação anômala de enzimas pancreáticas e liberação de uma série de mediadores inflamatórios, cuja etiologia corresponde, em cerca de 80% dos casos, à doença biliar litiásica ou à ingestão excessiva de álcool.

O uso de álcool por um longo período de tempo é a causa mais comum de sua forma crônica. A fisiopatologia da pancreatite de origem alco¬ólica ainda não é bem conhecida e acredita-se que seja multifatorial. A identificação do fator respon¬sável pela pancreatite aguda é fundamental no seu tratamento, já que este pode determinar a resolução do quadro ou prevenção de um novo episódio. Como apenas 5 a 10% dos alcoolistas são acometidos pela pancreatite aguda, a presença de fatores genéticos e ambientais é fortemente suspeitada. O tabagismo, mutações nos genes CFTR (cystic fibrosis transmembrane con¬ductance regulator) e SPINK1 (serine protease inhibitor kazal type 1) e sexo masculino foram identificados como fatores de risco para o desen-volvimento de pancreatite em alcoolistas.

O principal sintoma da pancreatite aguda é a dor abdominal, pre¬sente em mais de 95% dos pacientes. Geralmente é de instalação súbita localizada na porção superior do abdômen, com irradiação dorsal e de intensidade moderada a forte, apresentando piora com a alimentação ou uso de álcool. Nos casos de origem biliar, a dor tende a ser mais localizada na região abdominal direita e pode ter início mais gradual, já que se confunde com a cólica biliar.

Os principais achados laboratoriais são leucocitose e hiperglicemia moderada como resultado da resposta inflamatória sistêmica. Há também elevação discreta das transami¬nases. Caso haja elevação significativa de transaminase pirúvica (ALT – TGP) (acima de 150 UI/l), a etiologia biliar deve ser fortemente suspeitada.

Os principais exames laboratoriais no diagnóstico da pancreatite são as dosagens de amilase e lipase séricas. A hiperamilasemia é o marcador clássico da pancreatite. Apresenta alta sensibilidade, mas é pouco específica, já que em diversas situações – tais como insuficiência renal, parotidite, perfuração esofágica e gravidez – pode haver aumento de amilase sem a presença de pancreatite. Normalmente, o aumento da amilase é discreto, não ultrapassando três vezes o valor normal. Mesmo nos pacientes com pancreatite aguda, a dosagem de amilase pode estar normal em alguns casos particulares: diagnóstico tardio, já que os níveis de amilase tendem a se normalizar após alguns dias de evolução; hipertrigliceridemia; e surtos de agu¬dização de pancreatite crônica em decorrência de insuficiência do parênquima pancreático cronicamente inflamado.

A dosagem da lipase sérica, por sua vez, é considerada o exame laboratorial para o diagnóstico de pancreatite, já que apresenta alta sensibi¬lidade e especificidade e se mantém elevado por vários dias, superando assim a dosagem de amilase como exame diagnóstico.

Alguns marcadores laboratoriais também podem ser empregados na tentativa de prog¬nosticar os casos de pancreatite. Destes, o mais utilizado é a dosagem de proteína C reativa. Uti¬lizando o valor de corte de 150mg/L, apresenta sensibilidade e especificidade de 80% quando dosado após 48h do início do quadro clínico.

A base do tratamento da pancreatite de origem alcoólica é o suporte clínico e a suspensão da ingesta oral de etanol, já que ainda não há tratamento específico para a pancreatite. Este suporte clínico consiste em manutenção da perfusão tecidual através de reposição volêmica vigorosa e manutenção da saturação de oxige¬nação, analgesia e suporte nutricional.

A Biotécnica possui em sua linha de produtos os kits de Lipase e Alfa Amilase para o diagnóstico da pancreatite.

Roscelli Maiolini é supervisora do sistema gestão da qualidade da Biotécnica

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Referências

FERREIRA, Alexandre de Figueiredo et al. Fatores preditivos de gravidade da pancreatite aguda: quais e quando utilizar?. ABCD Arq. Bras. Cir. Dig., Rio de Janeiro, v. 28, p.207-211, 2015.

GUIMARÃES FILHO, Marco Antônio C. et al. Pancreatite aguda: etiologia, apresentação clínica e tratamento. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Uerj, Rio de Janeiro, v. 8, p.61-69, 2009.

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