Artigos Científicos

Edição 250 – Panorama da Febre Tifoide no Brasil e no Mundo nas Últimas Décadas

por Santos, Daniel Ramos de Oliveira¹
Alves, Elisabete Cardiga²
Marques, Denise Fusco²
Almeida, Ivete A. Zago Castanheira de²

Artigo de revisão extraído do trabalho de conclusão do Programa de Aprimoramento Profissional de Microbiologia em Saúde Pública do Instituto Adolfo Lutz – CLR de São José do Rio Preto – X, apresentado como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do Programa.

RESUMO

Febre tifoide é uma doença infectocontagiosa causada por Salmonella enterica sorotipo Typhi, bacilo gram-negativo. Sua transmissão ocorre pelo contato direto ou indireto com o doente e pelo consumo de água ou alimentos contaminados, associada às condições de saneamento básico e aos hábitos de higiene. O objetivo deste estudo foi caracterizar a situação epidemiológica da febre tifoide nas últimas décadas, por meio de relatos de casos e surtos no Brasil e em outros países. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura utilizando as bases de dados MEDLINE, LILACS, SciELO, BVS e Google Acadêmico. Foram selecionadas 80 referências bibliográficas para o desenvolvimento do estudo e, dentre essas, 46 relatos de casos e de surtos de febre tifoide ocorridos entre os anos de 1986 e 2016. Para o tratamento são utilizados, geralmente, os antibióticos cloranfenicol e fluoroquinolonas, sendo indicada a vacinação para pessoas que viajarão a países endêmicos como profilaxia. A doença persiste como problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. No Brasil, as regiões Norte e Nordeste são as mais acometidas. Nos países desenvolvidos, a maioria dos relatos remetem a casos de viajantes com passagem recente por países endêmicos. Recomenda-se a vacinação, higiene dos alimentos e tratamento da água antes da ingestão.

PALAVRAS-CHAVE: febre tifoide, Salmonella Typhi, diagnóstico laboratorial, epidemiologia, surtos alimentares.

SUMMARY

Typhoid fever is an infectious disease caused by Salmonella enterica serotype Typhi, gram-negative bacillus. Its transmission occurs through direct patient contact or indirectly and through the consumption of contaminated water or food, associated with basic sanitation conditions and hygiene habits. The aim of this study was to characterize the epidemiological situation of typhoid fever in recent decades through case reports and outbreaks in Brazil and other countries. This is a narrative review of the literature using the databases MEDLINE, LILACS, SciELO, VHL and Google Scholar. Eighty bibliographic references were selected for the development of the study and, among these, 46 case reports and typhoid outbreaks that occurred between 1986 and 2016. Chloramphenicol and fluoroquinolones antibiotics are used, usually for treatment and vaccination is recommended for people traveling to endemic countries as prophylaxis. The disease persists as a public health problem in developing countries. In Brazil, North and Northeast regions are the most affected. In developed countries, most reports refer to cases of travelers who have recently spent in endemic countries. Vaccination, food hygiene and water treatment are recommended before ingestion.

KEYWORDS: typhoid fever, Salmonella Typhi, laboratory diagnosis, epidemiology, food outbreaks

INTRODUÇÃO

Febre tifoide é uma grave doença infectocontagiosa associada às condições socioeconômicas da população, sendo, ainda, considerada como um sério problema de saúde pública, apesar dos avanços para seu controle. De acordo com estimativa recente, ocorrem entre 11 e 20 milhões de casos de febre tifoide e 128 a 161 mil mortes, anualmente, no mundo todo (WHO, 2016).

A bactéria causadora é a Salmonella enterica subs. enterica sorotipo Typhi, ou Salmonella Typhi, bacilo Gram-negativo pertencente à família Enterobacteriaceae que, ao contrário de outras salmonelas, ataca apenas o homem. Salmonella Typhi possui três tipos de antígenos: Antígeno O, lipopolissacarídico, Antígeno H, flagelar e Antígeno Vi, exclusivo da S. Typhi e da S. Paratyphi C (SARAVIA-GOMEZ; FOCACCIA; LIMA, 2002). Seu sucesso biológico está diretamente ligado às condições socioambientais e aos hábitos higiênicos da população (CHOI et al. 2015).

A primeira descrição da febre tifoide ocorreu em 1643, por Thomas Willis (LEDERMANN, 2003). Em 1880, o cientista Carl Joseph Eberth identificou o bacilo causador da febre tifoide, Salmonella Typhi, o qual passou a ser conhecido como Bacilo de Eberth (MARINELI et al. 2013).

O final do século XIX e começo do século XX foram marcados por grandes surtos dessa doença, como nas guerras franco-prussiana (1870) (LEDERMANN, 2003) e na guerra civil dos Estados Unidos (1861-1865) (SMITH, 2016). Entre 1900 e 1907, foram registrados de 3.000 a 4.500 casos de febre tifoide, por ano, apenas em Nova York. (MARINELI et al. 2013). Em 1907, também em Nova Iorque, surgiu o caso mais emblemático e famoso envolvendo essa doença: o caso da cozinheira Mary Mallon, uma imigrante irlandesa, considerada a primeira portadora assintomática de um agente infeccioso nos Es tados Unidos e que ficou conhecida como Typhoid Mary ou Maria Tifoide (MARINELI et al. 2013).

¹Aprimorando do Programa de Aprimoramento Profissional de Microbiologia em Saúde Pública do Instituto Adolfo Lutz
² Profissionais do Centro de Laboratório Regional do Instituto Adolfo Lutz de São José do Rio Preto – X

Leia o artigo científico completo na íntegra da revista LAES&HAES edição 250 ou clique aqui e leia já!

(Deseja enviar seu artigo cíentifico? entre em contato: redacao@laes-haes.com.br)

Digite aqui a sua pesquisa