Compêndio da Literatura
A COVID-19 é causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) que pode gerar sintomas potencialmente fatais em ~ 5% dos indivíduos que o contraem(¹). A maioria das doenças na forma grave tipicamente se manifestam como pneumonia bilateral ou multilobar que rapidamente passa para uma hipóxia substancial. Ainda, pode resultar na síndrome de dificuldade respiratória aguda (SDRA), que é a forma mais grave. Essa, combinada com a síndrome da falência de múltiplos órgãos (SFMO) e coagulopatia ligada a inflamação
sistêmica, pode resultar em aproximadamente 50% de mortalidade naqueles com doença grave(¹).
O que causa essa resposta severa em alguns indivíduos? Muitos estudos, predominantemente originários da China, traçaram a relação entre a progressão grave da COVID-19 e sintomas da síndrome de tempestade de citocinas (CSS). A CSS é causada pela desregulação da resposta imune. Para razões que ainda não foram completamente elucidadas, os mensageiros químicos pró-inflamatórios (citocinas) são produzidos em excesso, provocando uma inflamação sistêmica,
sendo responsáveis por desencadear e manter a resposta imune a uma infecção localizada.
Isso leva a uma proliferação massiva de células T citotóxicas, macrófagos e células natural killer (NK) que podem danificar células saudáveis juntamente com células infectadas(³,⁴). Além disso, a ação das citocinas sobre as células endoteliais vasculares causa hiperpermeabilidade capilar e efluxo exagerado de fluido para os tecidos circundantes, e também desencadeia a cascata de coagulação responsável pela geração de microtrombos que podem causar danos ao órgão-alvo (Figura 1)(⁴).
Acredita-se que a interleucina-6 (IL-6), em particular, desempenhe um papel significativo na indução e manutenção da CSS e, portanto, tornou-se alvo de estudo em pacientes com COVID-19 grave(²,⁵). Os estudos descritos neste compêndio apresentam uma visão geral da relação entre IL-6 e CSS em pacientes com COVID-19 e o valor potencial de avaliação que os níveis de IL-6 trazem para a triagem e para os cuidados dos pacientes afetados.
EVIDÊNCIA DE DESREGULAÇÃO DE CITOCINAS NA COVID-19
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE 113 PACIENTES QUE FORAM A ÓBITO COM DOENÇA CORONAVÍRUS 2019: ESTUDO RETROSPECTIVO
CHEN, T.; et al. BMJ. 2020;368:m1091. DOI: 10.1136/bmj.m1091
Objetivo: Determinar semelhanças clínicas entre pacientes diagnosticados com COVID-19 que foram a óbito.
Métodos: › Avaliação retrospectiva das características clínicas, parâmetros laboratoriais e imagens em uma série de pacientes moderadamente e gravemente doentes com diagnóstico confirmado de COVID-19. › Diagnóstico estabelecido usando reação em cadeia de polimerase com transcrição reversa em tempo real (RT- PCR). O teste de PCR adicional foi usado para descartar outras infecções virais. › Relatos de casos comparados entre 113 pacientes que morreram e 161 pacientes que se recuperaram totalmente. › Os parâmetros laboratoriais incluíram hemograma completo e testes para avaliar a função hepática e renal, lesão geral do tecido, hipóxia, coagulopatia e perfil de citocinas.
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