Artigos Científicos

Edição 240 – Chlamydia Trachomatis Soroprevalência e Associação com HIV, HEPATITE B, HEPATITE C e SÍFILIS

por Santos, Isteuria Cristina Paula¹
Moura, Sara Lene França¹
Cardoso, Alessandra Marques²

RESUMO

Este estudo objetivou determinar a soroprevalência de Chlamydia trachomatis (CT) e suas associações com sorologia reagente para HIV, hepatite B, hepatite C e sífilis. Trata-se de uma pesquisa retrospectiva com levantamento de dados de pacientes do SUS atendidos entre janeiro/2013 e outubro/2017 no Laboratório de Análises Clínicas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Observou-se que dos 94 pacientes que realizaram sorologia para CT, 35 (37,0%) foram reagentes, sendo dois (5,7%) para IgM e 33 (94,3%) para IgG. A associação mais prevalente de CT foi com a hepatite B. Observou- se elevada soroprevalência de CT, sobretudo na faixa etária de 20 a 40 anos, em ambos os sexos, e associação com hepatite B, hepatite C e sífilis. Ressalta-se a importância da implementação de políticas de educação em saúde e programas de detecção e controle das infecções sexualmente transmissíveis, evitando complicações para os indivíduos afetados e elevação dos custos para a saúde pública.

PALAVRAS-CHAVE: Chlamydia trachomatis, infecções sexualmente transmissíveis, estudos soroepidemiológicos.

SUMMARY

This study aimed to determine the seroprevalence of Chlamydia trachomatis (CT) and associations with reactive serology for HIV, hepatitis B, hepatitis C and syphilis. This is a retrospective study with data collection of SUS patients seen between january/2013 and october/2017 at the Laboratory of Clinical Analysis of the Pontifical Catholic University of Goiás. It was observed that 94 patients who performed serology for CT, 35 (37.0%) were reagents, two (5.7%) for IgM and 33 (94.3%) for IgG. The most prevalent association of CT was with hepatitis B. There was a high seroprevalence of CT, especially in the age group of 20 to 40 years, in both sexes, and association with hepatitis B, hepatitis C and syphilis. Therefore, it is important to implement health education policies and programs to detect and control sexually transmitted infections, avoiding complications for the affected individuals and raising costs for public health.

KEY-WORDS: Chlamydia trachomatis, sexually transmitted infections, seroepidemiological studies.

INTRODUÇÃO

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) encontram-se entre as mais frequentes infecções humanas(1), constituindo um dos maiores problemas mundiais de saúde pública atualmente(2). Com relação ao ano de 2005, a ocorrência de casos elevou-se para 448 milhões(1). Este número se encontra relacionado a fatores sociais, econômicos e culturais, sendo claramente demonstrados pela maior prevalência de IST em jovens adultos, residentes urbanos, solteiros e sexualmente ativos(3).

A Chlamydia trachomatis (CT) é a principal causa de IST de origem bacteriana, assim como a mais prevalente, com ocorrência estimada de 1.967.200 casos por ano no Brasil(4). Cerca de 92 milhões de casos novos de CT são registrados anualmente, destes, quatro milhões ocorrem nos Estados Unidos da América (EUA), sendo uma das infecções de maior notificação no país(5), com um custo anual de cerca de U$ 2,4 bilhões(3).

Entre as principais consequências provocadas pela infecção por CT estão: esterilidade, gravidez ectópica, parto precoce, morte neonatal, doença inflamatória pélvica (DIP) pós-parto, proctite aguda, infertilidade, conjuntivite, conjuntivite neonatal, epididimite aguda, prostatite crônica, estenose uretral e síndrome de Reiter, sendo caracterizada principalmente pela apresentação simultânea de lesões cutaneomucosas, conjuntivite, artrite e uretrite(6, 7).

A coinfecção com outras IST é frequente, podendo levar ao desenvolvimento de sequelas, como a imunodebilitação, aumentando assim as chances de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), pelos vírus da hepatite B, bem como pelo Treponema pallidum, agente etiológico da sífilis e Neisseria gonorrhoeae, micro-organismo causador da gonorreia(7, 11).

O rastreamento rotineiro da infecção por CT no Brasil não é obrigatório como ocorre em países como EUA, Canadá e Reino Unido. Seu rastreamento não é realizado nem mesmo em situações de rotina de assistência ginecológica e de pré-natal, sendo somente indicada a triagem nos casos de gestantes de 15 a 24 anos quando disponível, pelo Ministério da Saúde(12, 13).

O diagnóstico requer do Sistema Único de Saúde (SUS) a liberação de recursos, principalmente pelos métodos classificados como de média complexidade pelo Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos (SIGTAP), como o teste laboratorial sorológico e imunológico para detecção de CT pela imunofluorescência, método reconhecido por sua sensibilidade e especificidade(12, 13).

O Brasil carece de publicações científicas sobre este micro-organismo e suas infecções, mesmo sendo a CT de grande frequência em diferentes grupos de indivíduos, representando assim um problema de saúde pública crescente para as autoridades sanitárias(14), superando os números de casos novos de pacientes com sífilis, HPV, gonorreia, herpes e outras IST(7, 15) . Neste cenário, este estudo objetivou determinar a soroprevalência de Chlamydia trachomatis em população do SUS atendida pelo Laboratório de Análises Clínicas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (LAC/PUC Goiás), bem como determinar a associação destes resultados
com sorologia reagente para HIV, hepatite B, hepatite C e sífilis.

(Leia artigo completo na edição 240 da revista LAES&HAES)

Contato:
Alessandra Marques Cardoso • alemarquespuc@gmail.com

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